Apoiadores de Sergio Moro no Congresso Nacional veem na sua contratação por uma consultoria americana e em manifestações recentes sinais de que o ex-ministro e ex-juiz da Lava-Jato está reticente quanto a uma eventual candidatura em 2022. A interlocutores nos últimos meses, Moro indicou que não está determinado a ser protagonista em um projeto eleitoral. Na terça-feira (1º), ele afirmou que "não é o momento de pensar" em plano político.
Mesmo entre parlamentares que defendem sua candidatura, o anúncio de Moro como sócio-diretor da consultoria americana Alvarez & Marsal não foi recebido com surpresa. Aliados do ex-juiz dizem que a temporada no setor privado está em sintonia com seu perfil e com as sinalizações de que não tem a candidatura ainda como meta.
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR), candidato à Presidência em 2018 e expoente da bancada lava-jatista no Congresso, defende que Moro use os próximos meses para refletir sobre a decisão de entrar para a política partidária ou não. Ele acredita que não haverá respostas conclusivas nos próximos quatro ou cinco meses e percebe uma resistência do ex-juiz.
— Ele tem dito que, por ora, tem de cuidar um pouco da atividade privada, buscar o sustento da família. Afastado do cenário político, ele poderá refletir sobre a conveniência de participar ativamente ou não, ser protagonista ou não — afirmou.
O senador acredita que a popularidade de Moro dá a ele mais tempo para se decidir, em relação a eventuais adversários.
Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) não enxerga movimentos do ex-ministro por uma eventual candidatura ao Planalto, embora ele conte com incentivos nessa direção. Para Vieira, o ideal seria ter uma definição até o primeiro semestre de 2021 para iniciar conversas sobre eventuais alianças. Moro não é filiado a partido político.
— Eu nunca vi nenhuma manifestação individual de vontade do ex-ministro Sergio Moro no sentido de se colocar como candidato a um cargo eletivo. Particularmente não tinha nenhuma expectativa nesse sentido. Claro que essa não é uma porta que está fechada — afirmou.
A presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu, de São Paulo, também disse que a ida de Moro para a iniciativa privada já era esperada. Renata e outros políticos da ala pró-Lava-Jato no Congresso acreditam que, mesmo sem integrar uma chapa na disputa pela Presidência, ele pode contribuir com propostas e apoios:
— Caso ele decida não ser candidato, acho que tem um peso importante na balança política e deve se posicionar para unir o Brasil. Expectativa para a candidatura existe.
Jantar
Moro tem participado de articulações por uma candidatura de centro-direita, em oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Em setembro, jantou com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo o governador, foi uma conversa "sem prerrogativa de nomes, mas sim de princípios".
— Falamos sobre o Brasil, perspectivas e a necessidade de construirmos um projeto — disse Doria.
Depois do encontro, Moro se reuniu em Curitiba com o apresentador Luciano Huck, que também se movimenta para disputar a Presidência.