O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez uma defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao criticar a falta de organização do governo para o orçamento do próximo ano diante da crise pós-pandemia.
— Estou mais preocupado hoje do que eu estava em julho nesse momento pós-pandemia. O que vai ficar é uma dívida muito alta, uma inflação voltando com força, que não parece que vai dar trégua no curto prazo. Guedes está quase sozinho defendendo o teto de gastos — disse Maia em live organizada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (2).
O Congresso não começou ainda o rito para aprovar o orçamento da União para 2021. Os trabalhos da Câmara estão emperrados devido a uma obstrução dos partidos da base do governo, em uma disputa que tem como pano de fundo a sucessão de Maia. Sem a aprovação do Legislativo, o governo não terá dinheiro nem para pagar aposentadorias.
— No meu cronograma, teremos que entrar em janeiro e suspender o recesso — disse.
Para Maia, já não há mais tempo para aprovar o orçamento de 2021 este ano, mas seria possível votar a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e, com a suspensão do recesso, avançar no assunto em janeiro, com a votação de outras medidas.
— Não podemos esquecer que, além do teto de gastos, teremos que reduzir o déficit primário. Estabilização da dívida certamente será um ponto cobrado pelos investidores de longo prazo — afirmou.
Como já fez outras vezes, Maia reafirmou que não irá prorrogar a PEC da Guerra e o estado de calamidade.
— Isso está resolvido — disse.
Obstrução
Sobre a ação que está segurando as votações na Câmara, Maia disse que o atingido será o próprio governo.
— Quem vai pagar a conta dessa obstrução da pauta da Câmara é o Brasil. Para mim, seria mais fácil não tratar de PEC Emergencial, mas eu tenho responsabilidade com o país. O governo vai ficando cada vez com menos espaço para resolver os problemas — disse.
Populista
Maia voltou a defender o teto de gastos e disse que derrubar a regra pode levar o governo a enfrentar consequências maiores.
— A conta chega para quem sinaliza que não vai respeitar o equilíbrio fiscal. Uma medida populista poderá ter consequências muito maiores para quem poderia ser beneficiado por elas — disse.