O vice-presidente Hamilton Mourão falou nesta sexta-feira (13), em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, entre outros temas, sobre a demora do governo brasileiro em reconhecer a vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos. O democrata foi considerado vencedor do pleito há quase uma semana.
— Como indivíduo, eu reconheço (a vitória de Biden), mas não respondo pelo governo. Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais irreversível — disse, acrescentando esperar que "brevemente" o governo brasileiro também reconheça o resultado da disputa.
Nesta sexta, o governo chinês reconheceu a vitória de Biden. Desta forma, só Brasil, Rússia, México e Coreia do Norte ainda não se manifestaram sobre a derrota de Trump.
— Independente do momento em que for reconhecido o resultado da eleição americana, vamos manter diálogo constante — acrescentou Mourão.
O vice também foi questionado sobre a recente declaração do presidente Jair Bolsonaro, que, durante a semana, falou em usar "pólvora", no lugar da diplomacia, em resposta a uma declaração de Biden. Na campanha eleitoral, o democrata aventou a possibilidade de impor sanções ao Brasil por causa do desmatamento e das queimadas.
Mourão afirmou que, de Bolsonaro, é preciso "prestar mais atenção nas ações do que nas palavras". E ressaltou que não há tensão entre Brasil e Estados Unidos, que, segundo ele, mantêm uma relação de "Estado para Estado".
Polêmica com o presidente
Na entrevista, Mourão comentou ainda a polêmica após a divulgação de uma proposta, em discussão no Conselho Nacional da Amazônia Legal, que prevê a expropriação de propriedades em caso de crime ambiental. O assunto irritou o presidente Bolsonaro, que chamou o projeto de "delírio" e ameaçou demitir os responsáveis.
O vice voltou a afirmar que a proposta existe, mas que se trata apenas de uma "ideia". Segundo ele, a decisão final cabe a Bolsonaro.
— Isso será analisado pela parte jurídica, pelo Ministério da Agricultura, que dirão se é exequível. Aí levaremos ao presidente, que vai dizer se quer ou não — afirmou Mourão, que disse ainda não ter conversado com Bolsonaro sobre o tema, mas que pretende falar "a hora em que ele desejar".