O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), votou nesta terça-feira (22) para trancar as investigações da força-tarefa da Operação Greenfield sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista (mais tempo para análise) da desembargadora Maria do Carmo Cardoso.
Para o desembargador, a Justiça "não pode ficar surda" aos impactos da apuração para a sociedade. Ney Bello diz não ter identificado até agora elementos de prova suficientes para caracterizar crime.
— Não se trata do sangramento de um cidadão comum, mas o sangramento da própria Economia, que vai se espraiar por toda e qualquer casa, toda e qualquer relação econômica de qualquer cidadão — observou.
Procuradores investigam operações financeiras realizadas por fundos de investimento em participações (FIPs) geridos pela BR Educacional Gestora, à época vinculada a Paulo Guedes. Investigações do Ministério Público Federal (MPF) apontam suspeitas de irregularidades em um investimento feito na empresa Enesa Participações, feito pelo FIP Brasil Governança, gerido pela BR Educacional. Esse investimento gerou perda total a seus cotistas.
Os advogados de Guedes argumentam, no entanto, que, no geral, os investimentos no FIP Brasil Governança tiveram resultado positivo. Além disso, a defesa de Guedes afirmou ao TRF-1 que os fatos sob apuração no MPF já haviam sido analisados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que teria apontado inexistência de irregularidades. O ministro da Economia estaria sendo submetido a constrangimento ilegal, segundo seus defensores.
— Se a CVM disser que não houve crime, não houve temeridade, não houve fraude, estaremos enquanto Justiça premidos por essa obrigação — frisou Bello.