Pivô da fúria do presidente Jair Bolsonaro contra a equipe econômica por ter antecipado medidas ainda não decididas para financiar o Renda Brasil, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, pode ser enviado para ocupar uma vaga do Brasil em um organismo internacional.
A mudança vem sendo avaliada no Ministério da Economia depois que Bolsonaro disse que daria "cartão vermelho" para quem propusesse medidas como congelar aposentadorias por dois anos.
Enquanto a vaga no Exterior não aparece, o governo faz uma tentativa de esvaziar o assunto. O discurso é de que o alerta contundente de Bolsonaro deixou o jogador pendurado, mas não significou que foi determinada a expulsão.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também não pretende demitir o auxiliar, mas fez uma alerta aos seus secretários de que "quem fala demais, dá bom dia a cavalo".
O recado do ministro para equipe foi direto: ele não vai segurar ninguém que driblar a "lei do silêncio" no cargo. A partir de agora, a regra é clara: quem divulga as medidas que o governo vai tomar é a comunicação.
A saída "à lá Weintraub" (o ex-ministro da Educação que ganhou um cargo no Banco Mundial, em Washington, porque falou demais) pensada para Waldery, porém, não será imediata. Na aliança do governo Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a eleição da presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Brasil deverá ter mais dois postos no organismo multilateral.
Embora Waldery esteja longe de ser uma figura unânime na Esplanada dos Ministérios, ele tem a confiança de Guedes. O secretário segue no posto até segunda ordem e despachou normalmente na quinta-feira (17).
Segundo apurou o Estadão, o pedido do Planalto é para evitar vazamentos e "balões de ensaio", uma espécie de teste público do potencial de aceitação de ideias que ainda estão sendo gestadas dentro da Economia. A avaliação é que a divulgação de medidas que são ainda apenas estudos técnicos dentro da área econômica atrapalha a estratégia política do presidente, que tem buscado sustentar seu recente aumento de popularidade na esteira do auxílio emergencial criado na pandemia do coronavírus.