A ordem do presidente Jair Bolsonaro para "enterrar" o programa Renda Brasil chegou ainda na noite de segunda-feira (14) para os integrantes da equipe econômica. O recado foi recebido após o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, ter concedido entrevista sobre o tema e confirmado a ideia de congelar os benefícios previdenciários (aposentadorias, pensões, auxílio doença e salário-família) por dois anos.
Segundo fontes, o clima azedou nos corredores do Ministério da Economia por Bolsonaro ter desistido do programa quando técnicos já estavam debruçados sobre cálculos e propostas consideradas tecnicamente defensáveis, mas que, por serem impopulares, foram abortadas publicamente pelo chefe do Executivo. O presidente enterrou o Renda Brasil em vídeo postado em suas redes sociais na terça-feira (15):
— Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final — afirmou.
O presidente disse ainda ter sido "surpreendido" ao ler as manchetes dos jornais de terça sobre as medidas em estudo pela equipe econômica para abrir espaço no Orçamento de 2021 para bancar o novo programa assistencial. Mas, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, tabelas já circulavam há muitas semanas com a economia prevista e o alcance de cada medida.
Líderes do governo no Congresso já falavam publicamente das propostas, que seriam incluídas no relatório da PEC do pacto federativo — a ser apresentado esta semana no Senado. Na equipe econômica, a avaliação é de que essa interrupção deve ser temporária, apenas para dar tempo para as negociações políticas no Congresso.