O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal a acessar informações de uma investigação do Facebook sobre perfis nas redes sociais ligados ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro. Essa apuração resultou na remoção de uma série de contas.
A decisão de Moraes é da semana passada e, a partir dela, os dados reunidos pela empresa poderão ser utilizados em dois inquéritos, o das fake news e da dos atos antidemocráticos. Ambos relatadas pelo ministro, as investigações correm sob sigilo no Supremo.
A PF pediu o acesso às informações do Facebook após a exclusão das contas inautênticas, conforme antecipou a Folha de S.Paulo. Os investigadores querem ter acesso a todos os dados da apuração privada realizada pela empresa. A pesquisa da rede social ligou um assessor do Planalto, Tércio Arnaud Tomaz, a ataques contra opositores do presidente Jair Bolsonaro .
A polícia argumentara no pedido, assinado pela delegada Denisse Dias Ribeiro, que a determinação à rede social deveria ocorrer de maneira urgente, para que as pessoas envolvidas com as contas removidas não tenham tempo de se desfazer dos dados.
Levantamento do Laboratório Forense Digital do Atlantic Council em parceria com o Facebook apontou a ligação direta de Tomaz, assessor especial de Bolsonaro, com um esquema de contas falsas nas redes sociais. Tomaz é apontado como responsável por parte dos ataques a opositores do presidente da República, como ao ex-ministro Sergio Moro na sua saída do governo e a integrantes de outros Poderes, e por difundir desinformação em temas como a Covid-19.
Mais recentemente, as contas atacaram o STF e o Congresso Nacional.
"Os dados mostram uma rede conectada a Bolsonaro e aliados dele, usando funcionários do governo e de deputados, dedicada a manipular informação e criar narrativas, com ataques a opositores", diz Luiza Bandeira, pesquisadora do Digital Forensic Research Lab do Atlantic Council e uma das autoras do levantamento.
Além de Tomaz, cinco ex e atuais assessores de legisladores bolsonaristas, entre eles um funcionário do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foram identificados como conectados à operação de desinformação no Facebook e no Instagram.
O levantamento teve acesso a nomes e identidades das pessoas que registraram as contas falsas. Muitos dos posts eram feitos no horário de expediente.