Em entrevista ao Timeline Gaúcha desta sexta-feira (5), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, respondeu à insinuação do presidente Jair Bolsonaro sobre uma suposta prisão contra ele "brevemente". Witzel é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por um suposto esquema de fraudes na área da saúde.
— Diante do que ele (presidente Bolsonaro) está fazendo, sendo investigado por falsidade ideológica, interferência na PF (Polícia Federal), fake news, caixa 2 no TSE, quem tem que ficar preocupado não sou eu. Ele tem que ficar preocupado com a prisão dele — afirmou o governador.
Na quarta-feira (3), ao receber um pedido de ajuda de um policial militar do Rio de Janeiro, o presidente Bolsonaro atacou o governador do Estado, Wilson Witzel, e insinuou que sabe onde ele deve estar em breve.
— Eu não vou conversar com o Witzel. Até porque brevemente já sabe onde ele deve estar, né? — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
Adversário político de Bolsonaro, Witzel foi alvo da Operação Placebo da Polícia Federal no dia 26 de maio — o que acirrou os ânimos em torno das suspeitas de interferência do presidente da República na corporação.
Um dia antes, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) indicou, em entrevista à Rádio Gaúcha, ter conhecimento de que haveria ações contra governadores. Indagado sobre o fato, Witzel disse que Carla deu declarações levianas e que "a única resposta a essa fala dela é a condenação":
— Ela praticou um crime, que é interferir em investigação. É tão leviana a fala dessa deputada, que desmerece o parlamento. Tentou comprar o ex-ministro Sergio Moro leiloando uma vaga no STF— criticou o governador. — A única resposta a essa fala dela é a condenação pelo crime que ela praticou contra mim, de denúncia, e no caso de Sergio Moro, de corrupção. Agora, ela saber com antecedência (de ações), isso atinge de morte o Estado democrático — completou.
Durante a entrevista, Witzel ainda acusou governo federal, especialmente o presidente, de desdenhar dos riscos do coronavírus desde o início da pandemia. Na quinta-feira (4), o Brasil teve novo recorde diário de registro de mortes causadas por covid-19. Foram 1.473 óbitos registrados, elevando o total para 34.021. Com a nova atualização, o Brasil ultrapassou a Itália (33.689 óbitos) e ocupa a terceira posição entre os países com mais mortes por coronavírus.
— É gripezinha, histórico de atleta... Ele (Bolsonaro) não chamou para si a responsabilidade de conversar com os governadores e estabelecer um plano para o combate. Ele poderia usar estruturas e fazer um plano integrado. Não houve nenhuma ação, enquanto os governadores estavam preocupados para não colapsar o sistema da saúde — criticou.