Os prefeitos das 26 cidades que integram a Associação dos Municípios das Missões (AMM) decidiram não cumprir a determinação do governo do Estado de restringir atividades devido ao avanço do coronavírus. Em análise no último sábado (13), a localidade passou da bandeira laranja para a vermelha no plano de distanciamento controlado e, com isso, deveria fechar o comércio.
No entanto, nesta segunda-feira (15), atividades não essenciais dessas cidades continuaram em funcionamento. O presidente da AMM e prefeito de Dezesseis de Novembro, Ademir Gonzatto, critica o governo e diz que os dados estão defasados.
— Foi decisão unânime por manter os decretos municipais. E estamos questionando e pedindo a revisão dos números usados pelo governo, que são diferentes dos nossos e não são corretos. Temos uma decadência do coronavírus na região — assegurou Gonzatto.
Ele lembra que a região tem três hospitais: em São Borja, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo. A informação trabalhada pela associação é que ainda há uma margem de leitos de UTI exclusivos para tratamento de covid-19 nessas instituições.
Segundo consulta feita por GaúchaZH no site da Secretaria Estadual da Saúde, dos três hospitais das Missões, o que tinha maior ocupação era o de Santo Ângelo, com 28,6% de ocupação para casos confirmados ou suspeitos de covid-19. No entanto, ainda na sexta (12), um dia antes de o governo adotar o maior rigor para a região, a lotação era de 53%.
Ainda de acordo como presidente da associação de municípios, a alteração de bandeiras "atinge em cheio a economia" e precisaria de números mais atualizados.
Além dos prefeitos das Missões, a associação que reúne os municípios da Fronteira Oeste já declarou que não irá cumprir o determinado pelo Executivo estadual.
Na Serra, cidades de Antônio Prado, Bento Gonçalves, Farroupilha e Vacaria tiveram o comércio não essencial abertos mesmo com a bandeira vermelha. Em Caxias do Sul, maior cidade da região, algumas lojas também abriram, e o prefeito Flavio Cassina enviou ofício ao Piratini pedindo revisão dos critérios.
O governador Eduardo Leite irá se reunir por videoconferência com cinco prefeitos de cada região na tarde desta segunda-feira (15). Ele prometeu ouvir as ponderações, mas reafirmou que não há espaço para concessões fora do modelo científico.
— Não se negocia com a vida, com a saúde da população — disse Leite em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV
O governo só deve admitir mudança no rigor aos municípios caso haja descompasso nos dados dos 11 indicadores adotados na concepção das bandeiras de risco.
O Piratini já adiantou que buscará responsabilização de prefeitos na Justiça em caso de descumprimento reiterado do plano de distanciamento controlado.