Discordando dos demais municípios da Fronteira Oeste, o prefeito de Santana do Livramento, Solimar "Ico" Charopen Gonçalves (PDT), anunciou que irá respeitar as restrições de atividades estabelecidas na bandeira vermelha, determinada pelo governo do Estado para a região no último sábado (13). Charopen também decidiu endurecer o distanciamento social na cidade, impondo um toque de recolher entre as 22h e as 5h a partir desta segunda-feira (15).
O decreto que irá regulamentar o fechamento do comércio de itens não essenciais na cidade, segundo estipulam as regras da bandeira vermelha, será publicado pela prefeitura ainda nesta segunda-feira. Embora tenha decidido cumprir a definição estadual, Charopen irá contestar a inclusão de Santana do Livramento na mesma área de outros municípios, como Uruguaiana.
– Bandeira vermelha e bandeira preta, cumprem-se. Depois, discutimos – afirmou o prefeito.
Charopen ainda disse que irá implantar uma barreira sanitária nos acessos à cidade, nas BRs 158 e 293. A estrutura terá pulverização de veículos com desinfetante, identificação de motoristas e passageiros e medição de temperatura.
Isolado dos demais, Charopen é voz dissonante dos outros 10 gestores municipais da região, que, no domingo, anunciaram o descumprimento das diretrizes preconizadas na bandeira vermelha. Representados pela Associação dos Municípios da Fronteira Oeste (Amfro), prefeitos encaminharam um ofício ao governador Eduardo Leite afirmando que seguiriam as medidas da classificação de cor laranja e pedindo uma nova análise nos critérios da mudança.
Segundo a Amfro, a alteração foi feita pelo governo do Estado "sem qualquer justificativa técnica" e "sem comunicação prévia" sobre as modificações na metodologia do modelo de distanciamento controlado que levaram ao endurecimento das restrições. "A metodologia leva em conta equivocadamente a ocupação do número de leitos de UTIs na região relativa a todas as patologias e doenças causadoras das internações, e não apenas quanto ao necessário cálculo sobre os parcos casos de coronavírus existentes e que requerem internação hospitalar", diz o documento.
O ofício foi definido após uma reunião de representantes da Amfro, descontentes com a revisão na classificação da bandeira de seus municípios. Nesta segunda-feira, o prefeito de São Gabriel, Rossano Gonçalves (PL), que liderou a "rebelião", reafirmou que os municípios irão descumprir as determinações estaduais.
– O governo, duas ou três vezes, recuou, no sentido de mudança de bandeira, provocado pelos prefeitos de alguma região. Por que teríamos, aqui, um tratamento diferente? Por que, para a fronteira, é no arrepio, na ameaça de que vai ingressar na Justiça? Nós queremos o diálogo – disse Gonçalves.
O governo do Estado informou, pela manhã, que irá responsabilizar criminalmente os gestores que se recusarem a respeitar as medidas. Às 18h, Leite reúne-se, em videoconferência, com prefeitos da Fronteira Oeste para discutir as divergências. Segundo interlocutores, a resistência dos prefeitos irritou profundamente o governador.
Ao longo do dia, prefeitos têm procurado demonstrar que não pretendem contrariar decisões judiciais e que confiam na mudança de entendimento de Leite.
– Essa bandeira vermelha é uma penalização de um pênalti que não cometemos – disse o prefeito de Itaqui, Jarbas Martini (PP), em transmissão pelas redes sociais.