O secretário da Saúde de Cacequi, Leomar Maurer, foi preso temporariamente na manhã desta quarta-feira (27) durante a Operação Camilo da Polícia Federal (PF). A investigação aponta que ele seria ligado a uma das empresas investigadas por desvios de recursos da saúde pública, o Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev).
Maurer já havia sido denunciado pelo Ministério Público em 2018 por transportar, em um ônibus da Secretaria de Saúde de Cacequi, um time de futebol da mesma empresa. À época, ele era diretor administrativo do Isev e, ao mesmo tempo, secretário. O Tribunal de Justiça o absolveu naquele caso por entender que não havia provas de que ele não estivesse prestado os serviços de secretário, por mais que os cargos concomitantes conflitassem com os princípios da administração pública.
O prefeito de Cacequi, Franco Fonseca (PTB) se disse surpreso com a prisão. A GaúchaZH, na tarde desta quarta, ele preferiu não comentar a prisão.
— Nunca pensei, nunca imaginei isso. Estou surpreso. Me ligaram falando dessa história e eu vou me manifestar oficialmente só na sexta-feira (29) — disse Franco.
Cacequi, na região central do Estado, teve o primeiro caso de coronavírus confirmado na terça-feira (26) e ficará temporariamente sem secretário de Saúde.
A operação
Os desvios na saúde, a partir da terceirização dos serviços, podem chegar a R$ 15 milhões, segundo estimativa da Polícia Federal. Na manhã desta quarta, a corporação, em conjunto com Ministério Público e Controladoria Geral da União, cumpriu 15 mandados de prisão.
Também foi preso o prefeito de Rio Pardo, Rafael Barros (PSDB), e o presidente da Associação Brasileira de Assistência Social, Saúde e Inclusão (Abrassi), Ricardo Riveiro. A Abrassi mantinha contrato para gestão do hospital da cidade e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Houve outras dezenas de mandados de busca e apreensão na cidade e em outros municípios gaúchos também atendidos pela Abrassi. A empresa é um dos braços do Isev, alvo de pelo menos 20 investigações entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, como mostrou reportagem do Grupo de Investigação (GDI) da RBS.