Um dos próximos passos do inquérito sobre interferências na Polícia Federal (PF) será tomar o depoimento do presidente Jair Bolsonaro. A informação, de acordo com o jornal o Globo, foi repassada pela PF ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em cópia do inquérito.
De acordo com a publicação, o ofício encaminhado pela organização pede uma prorrogação de prazo de 30 dias para a conclusão das diligências do caso. Cabe ao ministro decidir sobre o pedido.
O documento, segundo O Globo, não diz se Bolsonaro prestará depoimento por escrito ou pessoalmente. A legislação prevê que o presidente pode prestar depoimento por escrito no caso de ser testemunha em alguma investigação, mas não existe dispositivo legal sobre a possibilidade de um presidente da República ser ouvido na condição de investigado.
As diligências solicitadas pela PF foram encaminhadas pelo ministro Celso de Mello para a manifestação do procurador-geral da República Augusto Aras.
A investigação sobre interferências na PF surgiu após a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública. O ex-titular da pasta afirmou que o presidente pediu a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro para preservar seus familiares de investigações.
O ministro citou posteriormente, em depoimento, uma reunião ministerial, realizada no dia 22 de abril, recheada de palavrões, ameaças de prisão, morte, rupturas institucionais, xingamentos e ataques a governadores e integrantes do STF, como prova do pedido de interferência do presidente no comando da Polícia. O vídeo foi tornado público pelo Supremo.
Na sexta-feira (29), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, prestou depoimento para explicar declarações contra o STF feitas no meso encontro. O ministro, no entanto, ficou em silêncio.
— Botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF — disse Weintraub encontro ocorrido no dia 22 de abril.