Ao ser abordado por um apoiador que agradeceu a operação da Polícia Federal (PF) desta terça-feira (26), que teve como alvo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (27) que, durante seu governo, haverá ainda mais ações da PF. A interação foi transmitida pelas redes sociais do presidente.
— Vai ter mais. Enquanto eu for presidente, vai ter mais. Isso não é informação privilegiada, não. Vão dizer que é informação privilegiada — disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada.
Witzel é desafeto de Bolsonaro, que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do governo do então ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.
A ação desta terça-feira foi deflagrada um dia após ser nomeado o novo superintendente da corporação no Rio, Tácio Muzzi. A representação da PF no Estado está no centro de uma investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se o presidente buscava interferir politicamente no órgão.
A Polícia Federal fez buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial em que mora o governador do Rio de Janeiro, e apreendeu o aparelho de celular e o computador do governador.
A operação, autorizada pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus no Estado.
O inquérito no STJ foi aberto no último dia 13, com base em informações de autoridades de investigação do Estado do Rio. Os mandados em cumprimento nesta quarta-feira foram solicitados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada.
Segundo investigadores, a PF também buscou provas no Palácio da Guanabara, onde o chefe do Executivo fluminense despacha, em sua antiga casa, usada antes de se eleger, e em um escritório da mulher dele.
Ao todo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 11 endereços. O governador seria ouvido nesta terça-feira, mas pediu para que o depoimento fosse adiado para que possa falar depois de ter acesso aos autos.
Nesta terça, em meio à operação, Witzel afirmou em nota que não cometeu irregularidades e apontou interferência de Bolsonaro na investigação. Ele apontou como evidência da interferência o fato de a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) ter mencionado nesta segunda (25) ações iminentes da PF contra governadores.
Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada após falar apenas com apoiadores.