O governo exonerou, a pedido, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Antonio Carlos Campos de Carvalho. A exoneração — assinada pelo ministro da Casa Civil, general Braga Netto — foi publicada na edição desta sexta-feira (22) do Diário Oficial da União.
Carvalho ficou 18 dias no cargo. Ele já havia declarado à imprensa que era contra as novas orientações para uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com sintomas leves da covid-19. Em entrevista à Folha de S.Paulo, antecipou que deixaria o posto por considerar a alteração precipitada.
Após determinação do presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde divulgou na quarta-feira (20) um documento com orientações que ampliam a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. Até então, a medicação era prevista apenas para doentes em estados graves e críticos, em ambiente hospitalar, com monitorização realizada por equipes de profissionais da saúde.
Segundo o novo texto, o paciente deve assinar um termo de consentimento que afirma que os medicamentos podem causar efeitos colaterais "como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado, disfunção cardíaca e arritmias, e alterações visuais por danos na retina". O documento frisa ainda que "não existe garantia de resultados positivos, e que o medicamento proposto pode inclusive agravar a condição clínica, pois não há estudos demonstrando benefícios clínicos".
A mudança de protocolo era defendida por Bolsonaro e foi motivo de atrito com os dois últimos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. A pasta, desde o pedido de demissão de Teich, não tem um titular oficial. Quem está interinamente no comando é o general Eduardo Pazuello.