- Médico Nelson Teich substituiu o também médico Luiz Henrique Mandetta e ficou 28 dias no cargo
- Ministro era um defensor do distanciamento social e deu poucas declarações durante o mandato
- No dia 11, ele foi surpreendido por um decreto presidencial enquanto dava uma coletiva. Ele também divergiu do presidente a respeito do uso da cloroquina
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich pediu demissão nesta sexta-feira (15), pouco menos de um mês depois de assumir. Em um pronunciamento que durou sete minutos, ele afirmou que deixou um plano pronto sobre o aumento no número de testes para coronavírus, mas não detalhou os motivos pelos quais deixou o cargo.
— A vida é feita de escolhas, e hoje eu escolhi sair. Dei o melhor de mim nos dias em que estive aqui nesse período. Não é uma coisa simples estar à frente de um ministério como esse — afirmou.
O agora ex-ministro agradeceu a equipe de secretários e fez um aceno a representantes de Estados e municípios, com quem teve embates no cargo.
— A missão da saúde é tripartite, e isso é uma coisa importante de deixar claro. O Ministério da Saúde vê isso como verdadeiro e essencial. É um momento em que o país inteiro luta pela saúde — disse.
Teich completou a sua fala declarando que seu objetivo era ajudar o país.
— Eu não aceitei o convite pelo cargo, mas sim pelo Brasil e pela necessidade de ajudar as pessoas — afirmou ele na sua manifestação.
O ministro não respondeu as perguntas dos jornalistas, nem falou sobre as divergências com o presidente da República sobre o uso da cloroquina, ponto central da sua saída. Ele pediu demissão na manhã desta sexta, após ouvir um ultimato do presidente Bolsonaro quer a mudança no protocolo para que o medicamento seja ministrado também para os casos leves da Covid-19.
Teich afirmou que o seu plano também traz orientações para governadores e prefeitos no combate à pandemia. Nesta semana, estava previsto que ele anunciasse recomendações e diretrizes para flexibilização do distanciamento social, o que não aconteceu por falta de acordo com os conselhos de secretários estaduais e municipais.
No dia 11 de maio, Teich anunciou apenas uma "matriz de risco", reiterando que a decisão final cabe a Estados e municípios, uma vez que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os entes federativos têm autonomia para isso.