BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - No momento em que ensaia uma aproximação com os partidos do centrão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não descartou nesta quarta-feira (22) a possibilidade de aceitar indicações políticas para cargos do governo.
Na entrada do Palácio da Alvorada, onde parou para cumprimentar simpatizantes, o presidente disse não saber se manterá a atual política de preenchimento de cargos de segundo e terceiro escalões.
"Não sei, pô", afirmou. "Todo mundo que está em Brasília tem um passado político. Foi filiado, foi simpático ou já trabalhou em algum governo."
Bolsonaro ressaltou que há milhares de cargos em segundo e terceiro escalões.E que, por isso, não tem condições de saber quem entra e quem sai.
"Eu troco um cara no Piauí. Aí, ele tinha filiação com um partido, que é simpático a nós. Pronto, já falam que eu dei um cargo para o cara", afirmou. "Eu não fico perseguindo ninguém por ser de tal partido", acrescentou.
Na tentativa de montar uma base aliada, o que rejeitou durante todo o seu primeiro ano de mandato, o presidente avançou na semana passada na negociação com partidos de centrão e, nesta semana, iniciou conversas também com o DEM e com o MDB.
Durante toda a campanha eleitoral, o presidente tinha afirmado que sua administração não teria loteamento de cargos em troca de apoio no Poder Legislativo, promessa que ele tem sinalizado que pode descumprir agora.
Na rápida entrevista, Bolsonaro disse ainda que não avalia fazer uma reforma ministerial neste momento e que não pretende recriar o Ministério do Trabalho para acomodar o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.
"Não está prevista [reforma ministerial]. Só se algum ministro quiser sair", afirmou. "No momento, eu não pretendo trocar ninguém", acrescentou.
O presidente disse que faz dois anos que não conversa com Jefferson e ressaltou que não avalia dar um caro a ele na administração federal.
"Vocês falaram que eu ia recriar o Ministério do Trabalho. Quem inventou isso aí? A última vez que eu conversei com Roberto Jefferson eu estava em um lugar qualquer do Brasil. No aeroporto, eu conversei com ele. Tem uns dois anos que não converso com Roberto Jefferson", afirmou Bolsonaro.