Ao comentar um possível relaxamento das restrições ao funcionamento de comércio e serviços, o governador Eduardo Leite voltou a afirmar, na manhã deste sábado (18), que a situação da Região Metropolitana de Porto Alegre é mais complexa do que a das demais regiões do Rio Grande do Sul, demandando uma análise mais aprofundada. Segundo Leite, é "muito difícil" que ocorram mudanças até o final de abril.
Em rápida visita ao primeiro hospital de campanha a operar em Canoas, Leite ressaltou, mais uma vez, que a Grande Porto Alegre concentra o maior número de casos confirmados de covid-19 e de mortes em decorrência da doença. O governador vem sofrendo pressão de administrações municipais que desejam o rápido restabelecimento das atividades econômicas.
— Estamos em um processo de migração para um distanciamento controlado, observando as situações de cada região. Há uma reconhecida interação entre as cidades da Região Metropolitana: as pessoas moram em uma cidade, trabalham em outra. O relaxamento aqui é muito mais complexo do que em outras regiões do Estado — afirmou Leite após circular pelos corredores da estrutura montada em frente à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Rio Branco.
O governador garantiu estar aberto a sugestões dos prefeitos das cerca de 40 cidades dessa área e disposto a conversar:
— É muito difícil que isso (relaxamento das restrições) aconteça até o fim do mês, mas estamos abertos a ouvir os argumentos desses municípios.
Leite chegou ao local perto das 10h, cumprimentando as autoridades locais e demais presentes com um toque do cotovelo. A visita, acompanhada também pelo vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, provocou uma pequena aglomeração no interior da UPA, onde o governador passou por profissionais da saúde paramentados com equipamentos de proteção individual (EPIs) como aventais, toucas e escudos faciais.
— Bom trabalho, pessoal — saudou Leite. — Que seja pouco trabalho!
Usando uma máscara de proteção mal ajustada ao rosto, Leite acabou tocando o acessório com as mãos diversas vezes, o que contraria as recomendações de especialistas _ o correto é ajeitar o acessório pegando-o apenas pelos elásticos.
No total, a prefeitura de Canoas prevê destinar 932 leitos exclusivos para pacientes contaminados pelo coronavírus. A UPA Rio Branco tem 13 leitos clínicos e um em unidade de terapia intensiva (UTI), equipado com respirador. A área total da estrutura temporária de lona, erguida em 30 dias, é de 400 metros quadrados. Aberta na última semana, ainda não registrou nenhuma internação. Os demais hospitais de campanha estão sendo preparados para receber os doentes.
— A ideia é que o paciente fique aqui, no máximo, 24 horas. Se piorar, será transferido para o Hospital Universitário — informou o secretário da Saúde de Canoas, Fernando Ritter.