A demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, repercutiu entre os governadores. Nas redes sociais, a maioria dos mandatários agradeceu o trabalho de Mandetta e desejou sorte ao futuro chefe da pasta, Nelson Teich.
Houve, contudo, diversas ressalvas à decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o ministro quando o país se aproxima do pico de contágio pelo coronavírus.
Um dos primeiros a lamentar a saída de Mandetta foi Eduardo Leite. O gaúcho disse respeitar a legitimidade de Bolsonaro para fazer mudanças na equipe, mas ressaltou “a competência e dedicação exemplar no enfrentamento da covid-19”. Já o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que a demissão é “uma perda para o Brasil”.
Amigo pessoal de Mandetta e responsável por sua indicação ao cargo, Ronaldo Caiado (GO) parabenizou o trabalho do ministro, disse que ele salvou milhares de vidas e fez do país “referência internacional de como enfrentar a propagação do coronavírus”. No Rio, Wilson Witzel atacou Bolsonaro ao declarar que o presidente, “entre a saúde dos brasileiros e a política, preferiu a política”. Witzel disse ainda esperar que o novo ministro siga as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
No Ceará, Camilo Santana manifestou “enorme preocupação” com a substituição de Mandetta “num momento de extrema gravidade pelo qual passa o Brasil”. Santana salientou ainda o rigor técnico do ministro que colocou “a ciência em primeiro lugar”. No mesmo tom foram as palavras do governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Além de expressar preocupação com o rumo das políticas sanitárias, Câmara disse que o “Brasil precisa de unidade” e que as decisões do governo federal sejam orientadas pelo que defendem os organismos internacionais e a ciência.
Waldez Góes, do Amapá, disse esperar que Teich “siga a linha de trabalho do seu antecessor, respeitando a ciência e os protocolos da OMS”.
Helder Barbalho (PA) agradeceu o “empenho, parceria e atenção” dedicados ao povo paraense. No Espírito Santo, Renato Casagrande foi mais protocolar, limitando-se em poucas palavras a agradecer a Mandetta e desejar sorte a Teich.
Governadores politicamente alinhados com Bolsonaro, como Antônio Denarium, de Roraima, Ratinho Jr, do Paraná, e Carlos Moisés, de Santa Catarina, não se manifestaram nas redes sociais.
Críticas a governadores no pronunciamento
Em seu discurso nesta quinta-feira o presidente voltou a criticar governadores e prefeitos pelo o que considera excessos nas ações de isolamento social, entre elas o fechamento de comércios.
Para o presidente, essas ações prejudicam a economia e podem gerar danos tão graves quanto a ameaça à saúde representada pela Covid-19.
— Quem tem poder de decretar estado de defesa ou de sítio, depois de uma decisão do Parlamento, é o presidente da República, e não prefeito ou governador. O excesso não levará à solução do problema. Muito pelo contrário, [ele] se agravará. Devemos tomar medidas sim para evitar a proliferação ou expansão do vírus, mas pelo convencimento e com medidas que não atinjam a liberdade e as garantias individuais de qualquer cidadão — acrescentou o presidente.
*Com informações da Folhapress