O médico oncologista Nelson Teich foi nomeado, nesta quinta-feira (16), ministro da Saúde pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no lugar de Luiz Henrique Mandetta. A demissão de Mandetta tem relação com as opiniões divergentes entre ele e Bolsonaro sobre as políticas de distanciamento social no combate à pandemia de coronavírus.
Teich afirmou que está de acordo com Bolsonaro sobre essas políticas:
— Existe um alinhamento completo aqui entre mim, o presidente e todo o grupo do ministério, e o que realmente a gente está fazendo aqui hoje é trabalhar para que a sociedade retome de forma cada vez mais rápida uma vida normal. A gente trabalha pelo país e pela sociedade.
Teich fez questão de colocar a sua opinião sobre o distanciamento social nas primeiras palavras da entrevista coletiva.
— Não vai haver qualquer definição brusca nem radical do que vai acontecer. O importante é que a gente tenha mais informação, cada vez maior. Começamos a tomar cada decisão como um tudo ou nada, e não é isso. Saúde e economia não competem entre si. Elas são complementares — disse Teich.
Nesta quinta-feira, o ministério anunciou que o Brasil teve 30.425 casos confirmados e 1.924 mortes por coronavírus.
Nascido no Rio, Nelson Luiz Sperle Teich começou a carreira no Hospital da Vila Residencial de Praia Brava, onde trabalhou por quatro anos. Logo em seguida, fundou sua própria empresa, a Clínicas Oncológicas Integradas (COI), hoje um conglomerado especializado em tratamento do câncer que conta com 18 centros de excelência, sendo sete no Rio, 10 em São Paulo e um em Pernambuco.
Com especializações em ciências médicas e econômicas por universidades renomadas como Harvard, nos Estados Unidos, e York, no Reino Unido, Teich entende que a dicotomia entre saúde e economia no atual debate político é “desastrosa porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas”. Em artigo publicado no início do mês na plataforma Linkedin, ele defendeu o distanciamento como forma de ganhar tempo e “entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país", em discurso muito semelhante ao de Mandetta.
No seu primeiro discurso à frente da pasta, Teich defendeu que as alterações aconteçam de forma "técnica e científica".
— Tem que entender mais da doença. Porque quanto mais entender da doença, maior vai ser nossa capacidade de administrar o momento, planejar o futuro e sair dessa política do isolamento e distanciamento, porque isso é fundamental. Porque as pessoas vão ter muita dificuldade de se isolar — declarou.
Teich também anunciou a necessidade de um "programa de testes" para "conhecer melhor" a doença e embasar as novas políticas
— A gente vive um momento único hoje, porque você tem isolamento com um volume enorme de informação. É um mundo completamente novo, a gente nunca viveu isso. E aí a gente vai estar aprendendo como é que isso se comporta. Para conhecer a doença faremos um programa de testes. Se aquilo não está na sua mão, você vira um barco à deriva. A gente vai assumir e conhecer a doença. Quando conhecer e definir políticas e ações, a gente assume o comando deste problema. Em algum momento isso vai se solucionar, e a gente que vai estar no comando — declarou.