Jair Bolsonaro fez críticas à decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria geral da Polícia Federal. Em entrevista à Rádio Guaíba na manhã desta quinta-feira (30), antes de embarcar a caminho de Porto Alegre para estar presente na troca do Comando Militar do Sul, o presidente disse que a decisão de Moraes é uma "afronta".
— Questionei o senhor ministro do STF Alexandre de Moraes sobre a liminar que impediu o senhor (Alexandre) Ramagem de tomar posse. O que eu questionei: tome uma posição no tocante ao senhor Ramagem, porque ele continua à frente da Abin, porque ela é tão importante quanto a Polícia Federal. Estou cobrando dele, ontem (quarta) comecei minha fala quando demos posse a dois ministros, dizendo que eu respeito a Constituição, vou fazer de tudo para que ela tenha o seu valor, mas outros ministros têm de fazer a mesma coisa. Essa decisão do Alexandre de Moraes, não engoli. É uma afronta — disse.
Para Bolsonaro, a sua relação é estritamente profissional, desde o tempo em que Ramagem chefiou a sua segurança pessoal enquanto presidente eleito, no fim de 2018.
— Ele fala que levou em conta a impessoalidade, o senhor Ramagem, eu o conheci no dia posterior ao segundo turno. Por que aconteceu? A PF da época, o senhor diretor geral, presidente, ministro da Justiça, decidiram trocar delegados, a partir daquele momento eles participariam da segurança pessoal do presidente eleito. O quadro do qual veio o senhor Ramagem é especialíssimo, é o que tinha de melhor na Polícia Federal. Obviamente, o homem que faz a minha segurança pessoal é um homem que conversa comigo, "cuidado com esse tipo de gente, aqui o senhor não pode ir, aqui pode". Ele almoçava comigo, tomava café comigo. Por isso, o ministro alegou questões de familiaridade. Isso que tem que ser colocado — acrescentou.
Na avaliação do presidente, é incorreto impedir que Ramagem assuma a Polícia Federal, mas permitir que siga na Agência Brasileira de Inteligência (Abin):
— Estou cobrando publicamente se o senhor Ramagem pode ir para a Abin ou se precisa ir para uma quarentena, se isolar, não serve para a Abin e para a PF. Se ele não serve para ser diretor da PF, não serve para ser presidente da Abin. É questão de coerência para evitarmos uma crise institucional. Não vou admitir eu ser um presidente pato manco, refém de decisões monocráticas de quem quer que seja. Não é um recado, é uma constatação.