De máscara descartável cobrindo a boca e o nariz, Jair Bolsonaro sugeriu nesta quinta-feira (12) que as manifestações previstas para o próximo domingo (15) sejam adiadas ou suspensas. Em transmissão ao vivo nas redes sociais ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente disse que "já foi dado um tremendo recado para o parlamento".
– O que devemos fazer agora é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão. Se o governo não tomar nenhuma medida, o sistema não suporta. Como presidente da República, tenho que tomar uma posição. O movimento não é meu, é espontâneo e popular. Uma das ideias: adiar, suspender. E daqui a um dois meses, se faça. Já foi dado um tremendo recado para o parlamento, sobre a questão das emendas de relatores – afirmou.
Nesta quinta-feira (12), após a confirmação de que o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, foi diagnosticado com coronavírus, o Palácio do Planalto divulgou nota informando que Bolsonaro está sendo monitorado. A Presidência da República disse que "todas as medidas preventivas necessárias" estão sendo tomadas para preservar a saúde de Bolsonaro e da comitiva que o acompanhou em viagem oficial aos Estados Unidos.
Na live, o presidente também disse que ainda não recebeu o resultado do teste para o coronavírus. Bolsonaro disse na transmissão que o resultado de um dos integrantes da comitiva já é conhecido e que o teste deu negativo. Interlocutores disseram à reportagem da Folha de S. Paulo que se trata do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Pouco depois, em um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, às 20h30min, Bolsonaro reforçou que, diante da situação atual, as manifestações "precisam ser repensadas". O presidente disse também que é provável que o número de infectados aumente nos próximos dias, mas que não há motivo para pânico.
— Há recomendação das autoridades sanitárias para que evitemos grandes concentrações populares. Queremos um povo atuante e zeloso, mas jamais podemos colocar em risco a saúde da nossa gente — afirmou.
Com o risco de contágio, a rotina administrativa do Palácio do Planalto será alterada. Além de implantar maior restrição ao acesso de pessoas, eventos e solenidades devem ser suspensos e o cumprimento diário do presidente na entrada do Palácio da Alvorada deve ser modificado.
Bolsonaro foi aconselhado pela equipe médica a evitar a interação diária com apoiadores na entrada da residência oficial. Desde meados do ano passado, ele costuma descer do comboio presidencial para saudar seus simpatizantes, além de apertar mãos e tirar fotos.
A orientação é para que, nas próximas semanas, Bolsonaro se limite a acenar e a conversar com o público a uma distância segura. A recomendação é para que ele também evite viagens pelo país para participar de inaugurações ou anúncios.