O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (5) que o chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fabio Wajngarten, "continua mais firme do que nunca" no cargo. A declaração ocorre após a abertura, pela Polícia Federal (PF), de um inquérito para investigar Wajngarten por supostas práticas de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).
Questionado sobre o tema na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que "não foi a PF que abriu" o inquérito.
— O MP (Ministério Público) pediu que ele fosse investigado. (É) Completamente diferente do que você está falando, dá a entender que ele é um criminoso. Não é criminoso, eu não vi nada que atente contra ele — disse.
Bolsonaro se referiu ainda à Folha de S.Paulo e disse para o jornal "mudar o disco".
— Está aí um mês batendo nele. O Wajngarten continua mais firme do que nunca — concluiu.
A PF atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), feito na semana passada, e abriu inquérito para investigar Wajngarten. A solicitação foi feita a partir de representações apresentadas com base em reportagens da Folha.
No dia 15 de janeiro, o jornal mostrou que Wajngarten é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de TV e de agências contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro. Ele nega irregularidades e conflitos de interesse.
Na terça-feira (4), o jornal revelou ainda que, ao assumir o cargo, o secretário omitiu da Comissão de Ética Pública da Presidência da República informações sobre as atividades da FW e os negócios mantidos por ela. Na gestão de Wajngarten, seus clientes passaram a receber percentuais maiores da verba de propaganda da Secom.
O que diz Wajngarten?
Ele negou que haja conflito de interesses ou ilegalidades na sua atuação e disse que não está na Secom para fazer negócios. Em nota, a secretaria disse que não houve omissão de informações à Comissão de Ética Pública e que Wajngarten "cumpriu rigorosamente o que a legislação determina.