A recuperação dos 25 dias de aula que faltam para o fim do ano letivo de 2019, em razão da greve dos professores da rede pública do Estado, é um impasse. De acordo com o secretário da Educação, Faisal Karam — que concedeu entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (3) — não há tempo hábil para isso, considerando que o ano letivo de 2020 deveria começar em 19 de fevereiro, e os profissionais têm direito a 30 dias de férias.
O secretário afirmou que, atualmente, cerca de um sexto da rede está paralisada — o que representa em torno de 10 mil profissionais da área:
— A maioria das escolas já terminou o ano letivo agora em 19 de dezembro, outras já estão recuperando para terminar até 23 de janeiro, conforme calendário que havíamos colocado em prática, e outras estão voltando gradativamente.
Segundo Karam, a preocupação do governo se estende ao ano letivo de 2020, já que, além da questão dos projetos que estão na Assembleia, há o agravante do piso salarial. Para ele, é muito claro o risco de emendar uma greve na outra.
— É essa a grande preocupação que nós temos hoje: de termos um período de greve e greve novamente enquanto não houverem definições na Assembleia sobre o plano de carreira.
Questionado sobre a antecipação da reunião para discutir o abono do ponto, que está marcada para a próxima sexta-feira (10), o secretário informou que o governo trataria o assunto com o sindicato somente quando todas as aulas fossem retomadas, o que ainda não ocorreu. Até 27 de dezembro, cerca de 190 escolas permaneciam com as atividades totalmente paralisadas, e outras 500 instituições continuavam parcialmente em greve.
Karam também ressaltou que o problema das greves permanece ano após ano e que, nesse momento, a questão do pagamento é descartada:
— A posição (do sindicato) é muito clara: não voltam enquanto não houver remuneração desses dias parados. E isso não faremos.
Em relação ao cumprimento dos 200 dias letivos do calendário, Karam garantiu que o Estado está tentando forçar que as escolas completem as horas obrigatórias de cada nível escolar, para que os alunos não tenham o aprendizado prejudicado. Segundo ele, o calendário de recuperação foi repassado às escolas em 21 de dezembro. Algumas instituições irão voltar às aulas nesta segunda-feira (6).
— Iremos adentrar o ano (letivo) de 2020, sem dúvida nenhuma, ultrapassando a data limite de 19 de fevereiro. Não temos mais como recuperar em tempo hábil, porque os profissionais têm direito a 30 dias de férias.
Também afirmou que o Estado tem consciência das dificuldades dos profissionais da educação, inclusive da questão salarial. No entanto, ressaltou que o governo está discutindo a questão e buscando alternativas para o aumento do piso salarial, já que os cofres públicos do Rio Grande do Sul não suportam o reajuste.
Ouça o áudio da entrevista para o Atualidade