Na votação de 18 de dezembro, o governo de Eduardo Leite impôs uma derrota aos professores, que engrossavam o coro contra a mudança nas alíquotas de contribuição para Previdência. Com a transferência da votação dos demais projetos para o final de janeiro, o governo deveria ser o primeiro a abrir o diálogo com o Cpers para acabar formalmente com a greve iniciada em novembro e encerrar o ano letivo de 2019.
Não é hora de fazer birra nem de esticar a corda, porque ela vai arrebentar no lado mais fraco, o do aluno, que precisa virar a página do calendário.
É verdade que boa parte dos professores voltou ao trabalho sem aval do Cpers, mas ainda há milhares de crianças sem aula, que já deveriam estar em férias. Enquanto não se resolve a pendência, ficam os pais pendurados em 2019, sem conseguir usufruir das próprias férias, normalmente planejadas para coincidir com o recesso escolar.
O que a direção do Cpers foi até o Piratini nesta quinta-feira (2) para pedir é razoável: antecipar para segunda-feira (6) a audiência marcada para a sexta (10), em que se discutirá a recuperação das aulas perdidas e o abono dos dias de greve. Qual é o problema de agenda do chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, e do secretário da Educação, Faisal Karam, para não receber o sindicato no dia 6?
Em outras atividades, é legítimo descontar os dias parados, porque a produção perdida não se recupera mais. No magistério, a lei determina que se cumpram os 200 dias letivos. Se as aulas serão dadas durante as férias, não há sentido em insistir na suspensão do pagamento. O corte do ponto foi uma tentativa de evitar que a greve se alastrasse, mas não funcionou.
O governador Eduardo Leite, que se gaba de ser um homem de diálogo, precisa dizer a seus secretários que não é razoável perder mais uma semana. Leite está viajando, mas o governador em exercício, Ranolfo Vieira Júnior, pode resolver esse impasse usando apenas o bom senso, porque já se perdeu tempo demais.
Aliás
Quando o ano letivo de 2020 começar, a Assembleia já terá votado os projetos que os professores rejeitam, como o novo plano de carreira e o fim dos adicionais de tempo de serviço. Perder ou ganhar é do jogo. A decisão será dos deputados estaduais.