
Em um dos piores momentos de seu terceiro governo, acossado pelo escândalo do INSS, o presidente Lula encerrou a viagem à Rússia expondo o Brasil a um constrangimento diplomático poucas vezes visto, sem que se vislumbre vantagens políticas ou econômicas nessa exibição de intimidade com Vladimir Putin, um dos piores tiranos do século 21.
É fato que a Rússia é parceira comercial do Brasil e que não é preciso gostar dos ditadores para quem os países vendem seus produtos. Isso não significa fazer pacto de sangue com anormais.
Ninguém que conheça minimamente a história da Segunda Guerra ignora o papel fundamental da União Soviética na vitória contra o nazismo. Oitenta anos depois, com a URSS desmantelada, Putin usa a mão de ferro para se perpetuar no poder. Censura a imprensa, aniquila adversários, invade um país soberano, a Ucrânia, provoca a destruição de cidades e mata milhares de inocentes. Não se aperta impunemente a mão de um tirano.
Lula sempre se mostrou equivocado em relação à guerra da Ucrânia. Tratou o país invadido como se fosse tão culpado pela invasão quanto seu algoz e passou meses defendendo a negociação, o que significaria a Ucrânia ceder uma parte do seu território. Agora, trocou afagos com Putin no momento em que a Europa unida defende o fim dessa guerra. Pediu um cessar-fogo, imaginando-se capaz de conseguir o que nenhum outro líder conseguiu.
O presidente brasileiro tem razão em criticar Donald Trump pela guerra comercial que sacudiu o planeta e Benjamin Netanyahu pelo massacre em Gaza, mas o fez em um palco inadequado, onde sujos falam dos mal-lavados.
Nesta segunda-feira (12), Lula inicia a agenda oficial na China, onde as questões ideológicas devem perder espaço para o pragmatismo diplomático e econômico. Há possibilidade de atrair para o Paraná uma indústria de fertilizantes, o que é boa notícia para o agronegócio brasileiro. Para isso servem as viagens internacionais.
O Brasil tem condições de ampliar as exportações para a China e para todo o Sudeste Asiático usando o espaço aberto pelos Estados Unidos com o aumento de tarifas determinado por Trump. Só não pode esquecer que os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial e não podem ser tratados como inimigos só porque seu presidente se comporta como um lunático.