O presidente Jair Bolsonaro realizou, nesta quarta-feira (8), uma transmissão ao vivo em suas redes sociais. Em oito dos 10 minutos de vídeo, o brasileiro assiste, sem tecer comentários, ao pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o ataque iraniano a bases no Iraque onde estavam tropas americanas. A transmissão era feita pela GloboNews — canal do Grupo Globo, alvo de críticas do presidente.
Ao final do discurso na Casa Branca, Bolsonaro rebateu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticando a relação que o petista mantinha com o Irã. Mais cedo, Lula havia criticado o atual chefe do Executivo brasileiro por não fazer "a menor questão de não ser um lambe-botas do Trump"
— Muitos acham que o Brasil deve se omitir no tocante aos conhecimentos, aos acontecimentos. Queria dizer apenas uma coisa. O senhor Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto presidente da República, esteve no Irã. E lá defendeu que aquele regime pudesse enriquecer urânio acima de 20%, que seria para fim pacífico — afirmou Bolsonaro.
Ainda durante o vídeo, Bolsonaro defendeu o respeito às leis e, com uma Constituição na mão, leu parte do artigo que define as regras das relações internacionais , citando os princípios de "defesa da paz" e "repúdio ao terrorismo".
— Agora, complementaria apenas, uma questão. Temos De seguir as nossas leis. Não podemos extrapolar. Mas acredito que a verdade tem que fazer parte do nosso dia a dia, e que queremos paz no mundo. (...) Essa Constituição aqui diz no artigo quarto: "A República Federativa do Brasil rege nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: a defesa da paz e o repúdio ao terrorismo".
A relação de Lula e Irã em 2009
Conforme informações do G1 e do O Globo, em 2009, Lula defendeu o direito de o Irã ter um programa nuclear para fins pacíficos. À época, contudo, afirmou que sonhava com um Oriente Médio sem armas.
— Reconhecemos o direito do Irã de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos e com respeito aos acordos internacionais e esse é o caminho que o Brasil vem trilhando. Não proliferação e desarmamento nuclear devem andar juntos. O Brasil sonha com um Oriente Médio livre de armas nucleares, como ocorre na América Latina — disse Lula em 2009.
— O Brasil encoraja assim vossa excelência a continuar o engajamento com países interessados de modo a encontrar uma solução justa e equilibrada para a questão nuclear iraniana — acrescentou o petista na época, negando que tenha interferido a favor do Irã nas negociações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o programa nuclear do país.
Além disso, apesar de Bolsonaro afirmar que Lula defendeu o enriquecimento de urânio acima de 20%, o acordo nuclear— firmado em 2010 — previa que o Irã enviasse para a Turquia 1,2 quilos de seu urânio levemente enriquecido (a 3,5%) e receberia de volta 120 quilos de combustível altamente enriquecido (20%).