O presidente da Assembleia Legislativa, Luís Augusto Lara, defendeu, nesta quarta-feira (4), que o governo do Estado retire a urgência dos projetos que integram o pacote que altera a carreira e a aposentadoria de servidores. Em encontro com um dos movimentos organizados de servidores, Lara disse que o governo Eduardo Leite deve dar mais tempo de discussão para os projetos, devido à complexidade do tema.
— Precisa ser amadurecida. Concordamos com a questão que seja retirada a urgência neste momento. É uma posição particular minha. Embora não tenha voto na Assembleia, como presidente, é (um tema) tão complexo e tão profundo que necessitamos de um tempo para que a gente possa fazer justiça. A reforma não pode cair somente sobre os servidores — disse Lara a jornalistas após o café da manhã com servidores, na Assembleia.
Em entrevista a GaúchaZH, o presidente da Assembleia explicou que espera do governo outras propostas e articulações políticas, além das mudanças envolvendo o funcionalismo. Lara entende que Leite deve revisar os incentivos fiscais concedidos a empresas, como alternativa para ampliar as receitas.
O presidente da Assembleia também avaliou que "o Parlamento ainda não está pronto para decidir" e destacou que há "no mínimo uns dez ou doze pontos que merecem um tratamento mais aprofundado", citando como exemplos as mudanças envolvendo os professores.
O pedido de retirada de urgência foi levado por Lara para Leite ainda na segunda-feira (2). O governador ainda não se manifestou sobre a indicação do presidente do Legislativo.
Lara é do mesmo partido do vice-governador, Ranolfo Vieira Jr., o PTB, e aliado de Leite. Até o momento, a bancada do PTB não manifestou contrariedade com o pacote.
Já o MDB, com oito deputados, e o PP, com seis, que têm as maiores bancadas aliadas do governo na Assembleia, criticaram a proposta de Leite que altera a carreira dos professores. Outro aliado, o PSB, com três deputados, também já externou resistência.
Pelo calendário desejado pelo governo do Estado, os projetos do pacote seriam votados entre os dias 17 e 19 de dezembro, enquanto a proposta de emenda à constituição (PEC), que não pode tramitar em urgência, seria votada no fim de janeiro. Se a urgência for retirada, todas as votações ficarão para 2020, dependendo de articulação política para chegar a plenário.