A Polícia Federal (PF) realiza operação neste sábado (21) na Paraíba. São cumpridos mandados de prisão preventiva, busca e apreensão e de afastamento de funções públicas. Segundo a PF, o objetivo da chamada “Operação Pés no Barro” é desarticular organização criminosa dedicada à realização de pagamentos ilícitos e superfaturamentos de obras no sertão da Paraíba. Nesta semana, o governador da Paraíba, João Azevêdo (sem partido), e o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), foram alvos de operação da PF. Coutinho foi preso na quinta-feira (19).
Oitenta policiais federais cumprem quatro mandados de prisão preventiva, 13 de busca e apreensão e sete ordens de afastamento das funções públicas, nas cidades paraibanas de João Pessoa, Uiraúna e São João do Rio do Peixe e também em Brasília.
A determinação partiu do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão da prerrogativa de foro de um dos investigados que é deputado federal. O gabinete do deputado José Wilson Santiago (PTB-PB), na Câmara dos Deputados, em Brasília, foi alvo de busca. Ele também foi afastado do cargo. Os crimes investigados são de peculato, lavagem de dinheiro, fraude licitatória e formação de organização criminosa.
Entenda o caso
As investigações apuram pagamento de propina decorrentes do superfaturamento das obras da chamada “Adutora Capivara”, que é um sistema adutor que deve se estender do município de São José do Rio do Peixe ao município de Uiraúna, no Sertão da Paraíba. As obras contratadas, inicialmente, por R$ 24.807.032,95 já teriam permitido, de acordo com as investigações, a distribuição de propinas no valor R$ 1.266.050,67.
O inquérito foi instaurado com base em delação premiada firmada por um dos investigados com a PF. Celso de Mello também determinou a indisponibilidade de bens imóveis em nome dos investigados.
Nome da operação
Segundo a PF, o nome da operação é uma alusão a um termo bíblico que serve para identificar, na vida pública, os falsos valores políticos, ou seja, os líderes carentes de méritos intrínsecos. Nabucodonosor, antigo rei da Babilônia, teve um sonho interpretado pelo profeta Daniel no qual uma grande estátua de ouro, cobre e prata desmoronara por ter os pés de barro. O termo “pés de barro”, então, passou a designar as riquezas cuja base não se sustenta do ponto de vista moral.