Alvo de uma operação do Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, na quarta-feira (18), o senador Flávio Bolsonaro (sem partido) é apontado pelos promotores como chefe de uma organização criminosa, segundo documento obtido e divulgado pela TV Globo e pelo portal G1. A investigação apura suposto esquema de corrupção envolvendo a prática conhecida como "rachadinha", no período em que Flávio foi deputado estadual.
De acordo com a publicação, "as provas permitem vislumbrar que existiu uma organização criminosa com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro".
A investigação indica que a organização tinha pelo menos quatro núcleos, com uma clara divisão de tarefas: quem nomeava, os operadores financeiros, as pessoas que aceitavam os cargos em troca de devolver parte dos salários, e o núcleo que lavava dinheiro.
O MP afirma ter identificado pelo menos 13 assessores que repassaram parte de seus salários ao ex-assessor do senador, Fabrício Queiroz, que recebeu 483 depósitos na conta bancária — mais de R$ 2 milhões. Conforme o documento, Queiroz "não agiu sem o conhecimento de seus superiores hierárquicos, já que ele próprio alegou em sua defesa que retinha os contracheques para prestar contas a terceiros".
Ainda na quarta-feira, a defesa do senador pediu habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a investigação do MP. O parlamentar também negou que tenha cometido os crimes investigados e criticou a atuação do juiz Flávio Itabaiana, responsável pelo caso, e questionou o fato de os promotores não terem denunciado ninguém após dois anos de apuração.
O advogado Paulo Klein deixou a defesa de Fabrício Queiroz, em meio às investigações. A defesa já havia afirmado, em nota, que o MP apresenta informações distorcidas contra Queiroz e que insiste em criar escândalos.