A ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff tachou, nesta quarta-feira (18), como "absurda" a ideia sugerida pelo mandatário francês, Emmanuel Macron, de conceder status internacional à Amazônia, devido aos incêndios.
— É uma proposta absurda. Quando (Emmanuel) Macron fala em intervir na Amazônia, cria um grande apoio para o (presidente Jair) Bolsonaro, porque ninguém no Brasil acha que isso seria uma boa ideia — disse Dilma, em um discurso para o auditório lotado do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris, sobre "A crise sistêmica mundial e as perspectivas democráticas".
— O Brasil sem a Amazônia, sem seus indígenas, não é o Brasil, pode ser outra coisa, mas não é Brasil — afirmou a ex-presidente.
— Há 20 milhões de habitantes na Amazônia, não é um deserto — afirmou Dilma, lembrando que a Guiana francesa — território ultramarino francês na área amazônica — "também tem problemas", sobretudo de mineração.
Dilma pediu a criação de uma "frente democrática" para rechaçar a exploração que ameaça áreas de proteção ambiental e terras indígenas.
— Bolsonaro quer que a Amazônia seja aberta à exploração absurda. Quando rejeita dinheiro internacional, demonstra que não quer protegê-la — destacou, referindo-se ao montante prometido pelos países do G7 para combater os incêndios na maior floresta tropical do planeta.
Ela também criticou os comentários de Jair Bolsonaro sobre a aparência da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, e sobre a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet.
— O que acontece é que Bolsonaro não tem o chip da moderação — disse a primeira mulher eleita presidente do Brasil, em 2010, destituída após um processo de impeachment, durante o segundo mandato, em 2016.