Na tarde desta quinta-feira (19), a defesa do senador e líder do governo Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e do deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE) convocou uma coletiva para falar sobre a investigação que mira os políticos e a ação de busca e apreensão da Polícia Federal nos gabinetes dos parlamentares.
Principal articulador de Jair Bolsonaro no Senado, Bezerra Coelho deixou seu cargo de líder do governo à disposição do presidente depois que foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Segundo informações da PF, ele teria recebido proprina na época em que era ministro da Integração Nacional de Dilma Rousseff (PT). Um dos focos são as obras de transposição do rio São Francisco. A polícia também mira o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE), filho do senador.
O advogado André Callegari, que defende os políticos e reside em Porto Alegre, afirma que ainda não teve acesso aos documentos produzidos pela Polícia Federal.
Em relação aos valores que pai e filho teriam recebido, Callegari afirma que as afirmações da se baseiam "tão somente na palavra dos colaboradores". O advogado argumenta que a autorização de mandados de busca e apreensão é uma medida exagerada e desnecessária.
— Medida de busca e apreensão deve ser decretada quando guarda contemporaneidade com os fatos. Tanto é verdade que a própria PGR, em manifestação, diz que não seria necessária essa medida porque não teria mais qualquer utilidade. (A decisão pela medida) Só pode ser por uma espetacularização, por um constrangimento, uma criminalização da política. Nunca por um objeto da investigação — diz.
Segundo Callegari, "a única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal". Bezerra Coelho tem posição contrária a CPI da Lava-Toga e é favorável ao projeto de lei de abuso de autoridade, cita o advogado.
— Tudo isso, em um contexto como esse, até mesmo dentro das casas legislativas, gera um estranhamento entre seus pares.
O advogado afirma que o parlamentar "agiu bem" ao deixar à disposição de Bolsonaro o cargo de líder do governo no Senado. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), criticou a operação e disse que o Senado vai apresentar questionamentos ao Supremo Tribunal Federal (STF).