Em pouco mais de oito meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro já acumula uma série de ingerências em órgãos do governo.
Normalmente, essas interferências são de atribuição dos ministros das respectivas áreas, como no caso do Conselho Nacional de Política Criminal ou Penitenciária, ou das diretorias das instituições, como as superintendências regionais da Polícia Federal.
Relembre os episódios em que Bolsonaro interferiu em decisões e processos:
Superintendentes da PF
Por ordem do presidente, a Polícia Federal trocará o comando da superintendência no Rio de Janeiro. A mudança já estava sendo discutida na cúpula da força policial, mas pegou a corporação de surpresa.
OAB
Após Bolsonaro protagonizar desentendimento público com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, a Petrobras avisou que irá rescindir contrato com o escritório de advocacia do dirigente da entidade. O presidente pregou ainda revisão dos contratos de publicidade da empresa estatal.
Propaganda
Bolsonaro pediu ao presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que demitisse o diretor de publicidade da instituição financeira e retirasse do ar uma propaganda com atores que representavam diversidade sexual e racial.
Ibama
No início do ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) exonerou o fiscal que multou Bolsonaro em 2012 por pescar na Estação Ecológica de Tamoios, no Rio de Janeiro. O presidente defende inclusive que a área de proteção ambiental deixe de ser uma estação ecológica para transformá-la em uma "Cancún".
Meio Ambiente
Com a insatisfação do presidente diante do aumento do desmatamento na Amazônia, o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o físico Ricardo Galvão, responsável pela divulgação do dado, foi exonerado. Bolsonaro queria que as informações fossem discutidas previamente com o Palácio do Planalto antes de serem tornadas públicas.
Filmes
Insatisfeito com os patrocínios aprovados pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), o presidente impôs uma pauta de costumes no órgão federal e interveio para que produções audiovisuais cuja temática é a diversidade sexual não recebessem recursos, como filmes sobre transgêneros e homossexuais.
Segurança
Após uma interferência de Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, teve de revogar a nomeação da especialista em segurança pública Ilona Szabó de Carvalho como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. O episódio causou desconforto a Moro, o que o levou a pedir desculpas públicas a Ilona, que havia se posicionado contra Bolsonaro na campanha eleitoral.
Radares
Na última quinta-feira (15), o presidente suspendeu o uso de radares móveis em rodovias federais, medida criticada por especialistas em segurança no trânsito. Em junho, ele também apresentou projeto de lei aumentando de 20 para 40 pontos o limite para suspensão do condutor.