Para o presidente Jair Bolsonaro, não é desarmando a população que serão evitados ataques a tiros como os que deixaram mais de 30 mortos nos Estados Unidos no período de uma semana. As declarações foram dadas na manhã deste domingo (4), quando o presidente deixava o Palácio do Alvorada em direção a um culto da igreja evangélica Fonte da Vida.
Bolsonaro disse lamentar os ataques. Um deles, no Texas, deixou ao menos 20 mortos no sábado (3).
— Lamento, já aconteceu no Brasil também. Lamento, tá certo? Agora, não é desarmando o povo que você vai evitar isso aí (...). O Brasil, no papel, é extremamente desarmado. E já aconteceu coisa semelhante no Brasil — disse.
O comentário foi feito no mesmo dia em que Ohio, nos EUA, registrou o terceiro ataque a tiros no país em uma semana. Em Dayton, um atirador matou ao menos nove pessoas na madrugada deste domingo e feriu outras 26.
No sábado (3), um tiroteio em um hipermercado da rede Walmart em El Paso, no Texas, deixou ao menos 20 mortos e 26 feridos. O terceiro ataque foi no domingo passado (28), quando um jovem de 19 anos invadiu a Festa do Alho de Gilroy, um festival gastronômico na Califórnia, matou a tiros três pessoas e deixou outras 12 feridas. O adolescente se matou na sequência.
No Brasil, em março deste ano, ex-alunos mataram oito pessoas em um ataque a uma escola em Suzano, em São Paulo. Em abril de 2011, em Realengo (zona oeste do Rio), 12 adolescentes — 10 meninas e dois meninos — morreram no massacre da escola municipal Tasso da Silveira. Eles foram vítimas de Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, que atirou contra as vítimas na sala de aula.
O presidente tenta alterar as regras sobre o direito ao porte — transportar a arma consigo, fora de casa ou do local de trabalho — e sobre munições no país. Em junho, diante de uma iminente derrota no Congresso, Bolsonaro decidiu revogar os decretos que flexibilizaram as normas, uma de suas principais promessas de campanha.