O presidente Jair Bolsonaro sugeriu neste domingo (4) que ordenou ao ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, a exoneração do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, após críticas feitas ao capitão reformado em controvérsia envolvendo dados de desmatamento divulgados pelo órgão.
Questionado no Palácio do Alvorada, em Brasília, se havia pedido a demissão de Galvão, Bolsonaro respondeu:
— Está a cargo do ministro. Eu não peço (a demissão), certas coisas eu mando — afirmou.
Segundo o presidente, não havia mais clima para Galvão continuar à frente do Inpe após as declarações contra ele. Em entrevista ao Jornal Nacional, em 20 de julho, o físico afirmou que Bolsonaro se comportava como se "estivesse em um botequim":
— Ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoas. Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer — declarou Galvão.
No dia seguinte, ele afirmou à Folha de S.Paulo que até poderia ser demitido, mas que o instituto era cientificamente sólido o suficiente para resistir aos ataques do governo.
Neste domingo, Bolsonaro também voltou a criticar a divulgação dos dados do Inpe, que mostraram um aumento de 88% do desmatamento em junho. O presidente avalia que há interesses no mundo para desacreditar o Brasil.
— Você mexe com economia do mundo. Estamos adiantados com Mercosul, com Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos. Isso dá um freio na gente, perde todo mundo.
Na avaliação do presidente, ao descobrir um "dado desse", Galvão deveria ter ido "apavorado" até Pontes ou ao ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) para alertar sobre o tema.
— Avisa o presidente, para não ser surpreendido — disse. — Isso não é a posição de um brasileiro, de alguém que quer servir a sua pátria, e está preocupado com os negócios do Brasil. É lamentável. Uma pessoa de idade. Até acho que mais velho que eu pela fisionomia. Não é para agir dessa maneira.
Para Bolsonaro, os dados deveriam ser mantidos reservados antes da divulgação.
— Quando ele faz a compilação, etc, ele tem que tomar conta desses dados — afirmou, exemplificando com o papel do presidente do Banco Central no anúncio de taxas de juros após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).