O presidente Jair Bolsonaro visitou, nesta quarta-feira (14), a cidade de Parnaíba, no Piauí. Na ocasião, ele voltou a atacar a oposição: prometeu "varrer a turma de vermelho" do Brasil nas próximas eleições e voltou a falar em fezes.
— Vamos acabar com o cocô no Brasil. O cocô é essa raça de corruptos e comunistas — afirmou o presidente.
O presidente desembarcou no aeroporto de Parnaíba às 10h, de onde saiu para um sobrevoo pela região do perímetro irrigado Tabuleiros Litorâneos. No retorno, discursou de uma sacada do aeroporto para um público de centenas apoiadores. Vestidos de verde e amarelo e com camisas com a imagem do rosto do presidente, os militantes gritavam "fora PT" e "a nossa bandeira jamais será vermelha".
Em Parnaíba, Bolsonaro foi recebido pelo prefeito, Mão Santa (SD). Ele foi governador do Piauí entre 1995 e 2001, quando foi cassado por abuso de poder político e econômico. Em 2002, ele se elegeu senador. Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou uma denúncia contra Mão Santa por peculato — o senador, na ocasião, foi acusado de desviar recursos destinados ao pagamento de funcionários públicos e contratar funcionários fantasmas. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista de Gilmar Mendes e Mão Santa concluiu o seu mandato em 2011.
Em discurso, o presidente voltou a acusar os governadores do Nordeste de querer dividir o Brasil e fazer piada em referência ao tamanho da cabeça dos nordestinos.
— Eu não tenho cabeça grande, não, mas sou um cabra da peste — afirmou.
"Tenho tempo ainda", diz Bolsonaro sobre PGR
Bolsonaro também disse que está tendo dificuldades em definir o nome do novo procurador-geral da República.
— Tenho tempo ainda. Está difícil a escolha, tem muitos bons nomes. Tenho certeza que o escolhido, além de ser aprovado pelo Senado, todos se orgulharão dele — afirmou o presidente.
O presidente evitou comentar sobre possíveis candidatos ao cargo. Contudo, ele destacou o perfil que espera do novo procurador.
— Eu quero uma pessoa que esteja alinhada e afinada com o futuro do Brasil. Que não seja xiita na questão ambiental, na questão de minorias, na questão indígena, dentre outros. Queremos um PGR (procurador-geral da República) que esteja preocupado em destravar a economia — disse o presidente.
Na segunda-feira (22), em visita ao Rio Grande do Sul, Bolsonaro também utilizou o termo "xiita" para se referir a um possível posicionamento radical na área ambiental — característica tida pelo presidente como indesejável para o novo ocupante do cargo do Ministério Público Federal (MPF).
— O MP tem que se preocupar em combater a corrupção, mas também infraestrutura, que não seja um xiita ambiental, que entenda minoria como minoria — disse a jornalistas, após solenidade na segunda.
Nos últimos dias, sob pressão tanto do mundo político como do jurídico, o presidente reservou parte de sua agenda oficial para receber postulantes à sucessão de Raquel Dodge, cujo mandato termina em setembro e não deve ser reconduzida ao cargo.
Escola Presidente Jair Messias Bolsonaro
Na sequência, o presidente seguiu para o centro da cidade para inaugurar uma escola do Serviço Social do Comércio (Sesc) que se chamará Escola Presidente Jair Messias Bolsonaro. Para garantir a homenagem, contudo, a Câmara Municipal de Parnaíba fez uma manobra e, em uma sessão relâmpago na manhã desta quarta-feira, aprovou a cessão do prédio da escola para a Fecomércio, entidade que comanda o Sesc.
A escolha do nome foi em uma ação popular que alegou que, mesmo estando sob usufruto do Sesc, o prédio da escola pertence ao município. A legislação impede que prédios públicos sejam batizados com o nome de pessoas vivas.
Com o confusão na Justiça, o presidente do conselho regional do Sesc no Piauí, Valdeci Cavalcante, ordenou a retirada do letreiro da escola com o nome do Bolsonaro. O nome retornará quando a questão judicial for resolvida.
Com ensino militarizado, escola terá em seu currículo a disciplina "educação, moral e cívica", instaurada nas escolas durante a ditadura militar para ensinar sobre civismo e patriotismo. Além das disciplinas tradicionais, a escola também terá ensino de música, esportes, além da oferta de sete idiomas, incluindo alemão e mandarim. Segundo Valdeci Cavalcante, a escola terá como público alvo os filhos dos comerciários da região e terá como missão formar novos empresários.