O presidente Jair Bolsonaro está preocupado com o resultado das eleições primárias na Argentina, mas não pretende se envolver diretamente no pleito. Em entrevista a jornalistas, o porta-voz da presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro não faz campanha em outro país.
— O presidente não faz campanha em outro país. Ele faz campanha no nosso país. Não obstante, ele pode expor sua opinião em relação a fatos que venham a impactar o Brasil.
No domingo (11), os argentinos foram às urnas para as eleições primárias, que servem para definir os partidos e candidatos habilitados a participar das eleições gerais. A chapa de oposição à presidência da Argentina, composta por Alberto Fernández e Cristina Kirchner como vice, venceu obteve 47% dos votos, enquanto o atual presidente, Mauricio Macri, candidato à reeleição, obteve 32%. A vantagem é suficiente para que Alberto Fernández e Cristina Kirchner sejam eleitos, em primeiro turno, no dia 27 de outubro.
O presidente, no entanto, não deixará de dialogar com uma eventual Argentina de Fernández e Kirchner.
— É parte da nossa diplomacia o estabelecimento de diálogo com todos os nossos países-irmãos e, naturalmente, será com a Argentina em uma eventual vitória do adversário do presidente Macri — finalizou o porta-voz.
"Nova Roraima"
Nesta segunda-feira (12), em evento no Rio Grande do Sul, o presidente disse que uma eventual vitória de Fernández pode fazer o Estado se tornar "uma nova Roraima", em alusão ao Estado do Norte do país que tem recebido milhares de venezuelanos todo mês, fugindo da crise econômica no país vizinho.
— Dentro desse contexto, ele está expressando sua opinião pessoal e, por óbvio, a opinião, institucional como presidente, sobre o que ele pensa do que melhor seria para o nosso país — disse o porta-voz da Presidência.
Segundo Rêgo Barros, Bolsonaro está preocupado com um possível retorno do chamado "Kirchnerismo" ao país vizinho. Para ele, a volta de um presidente de esquerda pode reduzir a integração entre os dois países e ir contra a liberdade comercial pregada tanto por Macri quanto por Bolsonaro. Além disso, o presidente vê a possibilidade de retrocessos no acordo firmado entre Mercosul e União Europeia.