Um dos quatro presos pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (23) sob suspeita de ter hackeado celulares de autoridades, o ex-motorista de Uber Danilo Marques, 33 anos, negou em depoimento, prestado nesta quarta-feira (24), que tenha qualquer participação nos crimes.
Segundo a defensora pública federal Manoela Maia Cavalcante Barros, que representa Marques, a única prova contra ele é um endereço de IP (Internet Protocol, número que identifica um dispositivo em uma rede) rastreado pela PF que não era usado pelo acusado, embora estivesse registrado no nome dele. Conforme a defensora, o endereço de IP estava registrado em Ribeirão Preto, enquanto seu cliente mora em Araraquara. Ambas as cidades estão localizadas no Estado de São Paulo.
— Ele ficou totalmente surpreso com a situação. Ele conhece as outras pessoas (suspeitas) porque todos eram de Araraquara. O que o vincula é o IP que teria dado origem às ligações (para a prática da invasão dos celulares), mas ele não fazia uso — disse Manoela. — Ele não tinha conhecimento (das mensagens obtidas ilegalmente), não viu nenhuma mensagem — acrescentou.
De acordo com a defensora, Marques era motorista de Uber e foi preso enquanto fazia um curso de eletricista para tentar garantir um emprego. Ainda segundo Manoela, o suspeito não sabia que um dos outros presos, Walter Delgatti Neto, 30 anos, tinha habilidades na internet.
Além de Marques e Delgatti Neto, foram presos temporariamente (por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) o casal Gustavo Henrique Elias Santos, 28 anos, e sua mulher, Suelen Oliveira, 25 anos.
O advogado do casal, Ariovaldo Moreira, disse que Santos chegou a ver as mensagens do ministro da Justiça, Sergio Moro, obtidas por Delgatti Neto, mas não participou de atos ilícitos nem sabe como o amigo as obteve. Santos e Suelen estão sendo ouvidos pela PF em Brasília no final desta tarde.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Delgatti Neto. A suspeita é de que, entre os quatro suspeitos presos, ele tenha sido o mais atuante no suposto esquema.