Uma testemunha presente no evento onde um empresário tirou a própria vida em Aracaju, no Sergipe, na manhã desta quinta-feira (4), descreveu o cenário de tensão após o fato. Em contato com a reportagem de GaúchaZH, o assessor, que pediu para não ser identificado, afirmou que estava "a poucos centímetros" de Sadi Paulo Castiel Gitz, que cometeu suicídio com disparo de arma de fogo durante seminário sobre gás natural que contava com a presença do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do governador de Sergipe, Belivaldo Chaga.
O assessor disse que não percebeu seguranças revistando participantes antes do evento, que ocorreu em um hotel que recebe turistas e estava aberto ao público.
Como ocorreu o fato?
Foi tudo muito rápido. O evento tinha acabado de começar. Teve a exibição de um vídeo sobre as potencialidades do gás natural em Sergipe. Em seguida, o secretário de Desenvolvimento do Estado fez um discurso bem rápido e depois o governador falou por cerca de 10 minutos. Foi um discurso lido, não foi de improviso. Assim que ele terminou a fala, começou a cumprimentar as pessoas que estavam com ele ali no palco antes de se sentar.
Foi quando o empresário levantou e disse o que disse: "Belivaldo, você é um grande mentiroso", e imediatamente se matou.
Onde você estava no local?
Eu estava exatamente do mesmo lado do Sadi. Como o local estava lotado, eu fiquei de pé no canto da parede.
A quantos metros você estava dele?
Acho que estava centímetros distante dele. Eu estava realmente do lado dele.
Como foi a reação das pessoas presentes no local?
Todo mundo ficou em choque porque demorou até entender o que estava acontecendo. Não foram, por exemplo, tiros para cima ou para frente. Enfim, as pessoas poderiam ter corrido desesperadas. Isso não aconteceu. As pessoas ouviram que foi um tiro, olharam e viram o corpo ali no chão e começaram a se retirar do local. (...) Todo mundo ficou em choque. Algumas pessoas choravam. Inicialmente, não sabíamos quem era. Depois identificaram que era um empresário conhecido.
Quantas pessoas estavam mais ou menos no local?
Umas 200 pessoas, porque era um evento grande.
Qual foi a sua reação após o fato?
Eu me abaixei, porque um amigo me puxou, temendo mais tiros. Mas logo percebi que ele tinha se matado e não havia risco de novos disparos.
Você conhecia o empresário? Ele era uma figura conhecida no Estado?
Ele era uma figura bastante conhecida. Já ocupou a direção de órgãos de classe. Eu não o conhecia pessoalmente, sabia que era importante.
Como está o clima em Aracaju e na região depois do fato?
Todo mundo está em choque. Aconteceu agora pela manhã, faz pouco tempo. Todo mundo está muito assustado, tentando entender os motivos. Todos estão muito consternados.
"Pensei que ele iria elogiar o governador", conta outra testemunha
O empresário Rael Mairesse, 31 anos, estava sentado à frente de Gitz no momento em que o tiro foi disparado.
— Foi muito rápido. Ele levantou, chamou o governador de mentiroso e atirou. Como as pessoas ainda estavam aplaudindo, pensei que iria elogiar o governador — lembra.
Um amigo de Mairesse, que estava mais ao fundo, disse que muitos não perceberam o que aconteceu. Para ele, uma lâmpada havia estourado. Já, quem estava ao redor, ficou em choque. Duas mulheres, sentadas ao lado de Gitz, começaram a chorar imediatamente.
— É uma coisa que ninguém espera. Quando ele sacou a arma, até pensei que era de brinquedo — conclui.