Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, afirmou que os governadores do PT atuaram em favor da reforma da Previdência e disse que não há sentido nas críticas dos petistas à deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) e à bancada do PDT.
— Uma turma do PT fica agredindo a Tabata e o PDT como se nós fôssemos pouco fiéis à luta do povo e o PT fosse o perfeito guia genial dos povos que não falha — disse o pedetista.
As declarações foram dadas na tarde desta quarta-feira (17) em Salvador, onde Ciro participou de um seminário de análise dos seis meses do governo Jair Bolsonaro.
Ciro afirmou que os governadores do PT e PC do B "atuaram pesadamente" em favor da reforma da Previdência e que a proposta foi aprovada com os votos de muitos dos deputados aliados de governadores.
Ele citou como exemplo a bancada baiana, em que 25 dos 39 deputados federais votaram a favor da reforma, sendo 15 deles aliados do governador Rui Costa (PT).
No Ceará, onde Ciro é aliado do governador Camilo Santana (PT), foram 11 votos a favor e 11 contra as mudanças nas aposentadorias.
— Não estou falando mal de ninguém. Se eu fosse governador do Ceará também estaria preocupado com as contas do meu Estado — disse Ciro, citando possíveis contrapartidas aos Estados como a partilha de recursos dos leilões de petróleo.
Ciro Gomes evitou comentar sobre a suspensão das funções partidárias e a abertura do processo no Conselho de Ética do PDT contra os oito deputados do partido que votaram, em primeiro turno, a favor da reforma da Previdência.
— Não vou falar mais daquilo que eu falei. (O processo) Vai ao Diretório Nacional e, como sou membro do Diretório e tenho certa ascendência no partido, não seria ético que eu antecipasse qualquer tipo de opinião — disse Ciro em entrevista à imprensa.
Minutos depois, quando respondeu a pergunta de militantes do PDT, afirmou que quem votou a favor da reforma deveria "ir para a rua à procura de outro partido".
— Você tem partido pra todo gosto no Brasil. Mas você não pode ser trabalhista, ser de um partido que criou o sistema de Previdência e seguridade social do Brasil e vir agora votar contra o povo — afirmou o pedetista.
Para Ciro, o PDT precisa manter uma coerência, mesmo que isso signifique perder oito de seus 27 deputados federais.
— A questão não é se vale à pena (expulsar os deputados). O Brasil precisa de integridade. Ninguém aguenta mais os partidos chegarem à véspera da eleição, falar tudo que o povo quer ouvir falar e votar contra o povo — disse.
Na última segunda-feira (15), Ciro havia dito que a vida de Tabata tende a ser um "inferno" diante da votação de novos temas no Congresso, como a reforma tributária.
— O partido dela não é esse — afirmou. — Vai ser um inferno a vida dela. Porque cada um desses embates tem a ver com o tipo de visão de mundo que você tem.