O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, disse nesta segunda-feira (29) que o presidente Jair Bolsonaro se baseou em uma percepção pessoal ao insinuar que o jornalista Glenn Greenwald cometeu um crime ao divulgar conversas vazadas do ministro da Justiça, Sergio Moro.
Segundo o porta-voz, não há dúvida de que houve crime com a intenção de atingir a Operação Lava-Jato e tentar desqualificar o governo federal.
— Alguma dúvida que houve o cometimento de um crime? — questionou. — O presidente não colocou em xeque em momento nenhum a necessidade de liberdade de imprensa com a qual ele se associa in totum (no todo) — acrescentou.
Greenwald é fundador do site The Intercept Brasil, que vem publicando, desde 9 de junho, reportagens baseadas em um suposto pacote de mensagens trocadas no aplicativo Telegram entre a força-tarefa da Lava Jato e Moro, ex-juiz federal.
O jornalista não é investigado pela Polícia Federal (PF) nem há indícios de que ele tenha cometido atos ilícitos. A publicação das mensagens pelo Intercept e por outros veículos não representa infração à lei.
Rêgo Barros foi perguntado mais de uma vez que crime teria sido cometido pelo jornalista e se o presidente teria alguma informação adicional de que ele estaria envolvido nos ataques aos celulares de autoridades.
Em depoimento à PF, Walter Delgatti Neto, um dos presos da operação Spoofing, afirmou ter enviado ao Intercept de forma anônima, voluntária e sem custos o pacote de mensagens obtidas por ele por meio de invasão ao aplicativo Telegram de procuradores.
— No todo, vocês têm que entender o contexto no todo. A percepção pessoal do presidente é essa que eu acabei de anunciar. Como eu disse, é a percepção pessoal do senhor presidente — afirmou o porta-voz.
Segundo ele, Bolsonaro "expressa as suas opiniões a partir do conhecimento que recebe".
— Ele não me adiantou, no caso específico, qualquer informação sobre possuir ou não possuir a informação sobre isso (envolvimento do jornalista nos ataques) — ressaltou.
Nesta segunda-feira, o presidente insinuou, sem apresentar provas, que a publicação de reportagens com base nos diálogos envolveu pagamento. No sábado (27), ele afirmou que o jornalista "poderia pegar uma cana".