Após mais de uma hora no plenário da Câmara, em conversas com parlamentares favoráveis à reforma da Previdência, o governador gaúcho Eduardo Leite demonstrou pessimismo com a inclusão de Estados e municípios no texto. Segundo ele, a partir de agora, o foco das articulações será o Senado, onde há maior receptividade ao tema.
Ao apelar aos deputados, Leite argumentou que, se o Congresso excluir os entes federados, serão necessárias cerca de duas mil votações em câmara de vereadores e assembleias estaduais para mudanças em todos os sistemas de aposentadorias e pensões públicas do país. A resposta mais comum que recebeu dos parlamentares não trouxe dados estatísticos, mas preocupações com as eleições do próximo ano.
— Lamento que o único argumento para não incluir Estados seja político, referente ao enfrentamento de questões eleitorais locais. Não há nenhum argumento técnico que sustente a retirada — comentou.
Um deputado disse a Leite que não o apoiaria, pois, ao chegar em seu Estado, seria recepcionado com uma faixa hasteada pelo governador opositor o apontando como "traidor" do eleitorado.
Antes de apostar nas conversas individuais com os parlamentares, o governador havia tratado do assunto em reunião com o relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB-SP). Entre os argumentos ouvido do colega de partido, está a ameaça de parte dos apoiadores da reforma de votarem contra a PEC, caso sejam incluídos os Estados e municípios. Cerca de 60 deputados poderiam mudar de posição.
Apesar das dificuldades, o Partido Novo irá apresentar um destaque para que os entes retornem ao texto. De acordo com o líder da sigla na Câmara, Marcel Van Hattem (RS), mesmo sem expectativas de aprovação, o ato será uma sinalização de que há apoio na Câmara, mesmo que insuficiente, para a questão.
Questionado sobre o assunto, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admite que a artilharia dos governadores e prefeitos deverá ser direcionada para o lado oposto do Congresso Nacional.
— É muito difícil que a Câmara aprove este tema, infelizmente. Mas pode ter uma construção para inclusão no Senado — disse Maia.
Agora, o governador do RS deposita esperança no Senado. Nesta terça-feira (9), ele irá se reunir com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), provável relator da reforma depois da aprovação pelos deputados. A inclusão de Estados e municípios teria a simpatia do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).