O ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro vai depor na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na próxima semana. A audiência foi marcada para o dia 19, às 9h. O ministro prestará esclarecimentos depois do vazamento de mensagens trocadas entre o ex-juiz e o procurador Deltan Dallagnol.
Para tentar minimizar seu desgaste, o próprio ministro do governo Jair Bolsonaro se ofereceu para ir à CCJ. A avaliação é que o Senado é um território menos hostil que a Câmara e que a comissão é um ambiente controlado.
"Comunico a vossa excelência que fui informado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, de sua disponibilidade para prestar os esclarecimentos à comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal sobre notícias amplamente veiculadas na imprensa relacionadas à Operação Lava Jato", escreveu o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), em carta destinada ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
A carta foi lida em plenário durante a sessão do Congresso Nacional, que reúne deputados e senadores, e provocou reclamações.
— Não é adequado que o ministro escolha, que o ministro decida e a gente não possa participar desta decisão — disse o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS).
— Estou falando aos senadores. Não estou convidando os deputados federais a participarem — retrucou Davi.
Ao se oferecer para ir ao Senado, Moro se antecipou à aprovação de requerimentos para convocá-lo e tenta esfriar o clima para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito ( CPI) para apurar possíveis irregularidades sobre seu comportamento como juiz da Lava Jato.
A data foi agendada depois de um acordo entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e os líderes da oposição.
— Ele escreveu uma carta se colocando à disposição e nós aceitamos ouvi-lo na próxima semana — diz o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Conversas vazadas
Moro vai falar sobre o escândalo das mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil. Nelas, o ex-juiz aparece dando pistas, conselhos, indicando testemunhas e até antecipando decisões para procuradores da Operação Lava-Jato.
A parcialidade do julgamento dele nos casos da operação passou a ser questionada. A lei exige que o magistrado mantenha distância tanto da defesa quanto da acusação em processos de qualquer natureza.