Um novo trecho de conversa atribuída ao ex-juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba (PR), veio à tona neste domingo (23). Na suposta troca de mensagens, o ex-juiz teria pedido a Dallagnol para que ajudasse a conter o Movimento Brasil Livre (MBL), após um protesto em frente ao apartamento do ministro Teori Zavascki, em Porto Alegre.
O ministro, que morreria em acidente aéreo em 2017, era relator da Lava-Jato no STF e havia determinado que Moro enviasse para a Corte as investigações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Liderados pelo grupo Banda Loka Liberal, na noite de 22 de março de 2016, os manifestantes foram a pé até o prédio no bairro Bela Vista, a cerca de um quilômetro e meio do Parque Moinhos de Vento (Parcão), onde estavam acampados.
Vestidos de verde e amarelo, eles tocaram cânticos de torcidas adaptados pela banda e estenderam faixas no portão, chamando Teori de "traidor" e "pelego do PT" e pedindo que deixasse "Moro trabalhar".
No dia seguinte, às 22h36min, após a repercussão do ato, Moro teria enviado mensagem a Dallagnol, chamando os integrantes do MBL envolvidos na mobilização de "tontos" e afirmando que "isso não ajuda". O procurador teria respondido dizendo que, talvez, fosse melhor não fazer nada. Mais tarde, Dallagnol teria informado que a força-tarefa não tinha contato com o MBL, e o assunto morreria ali (leia a íntegra abaixo).
Conforme a reportagem da Folha, Moro foi procurado para se manifestar sobre o conteúdo dos supostos diálogos. Ele afirmou que sempre respeitou o MBL e voltou a criticar invasão de celulares.
A seguir, leia a íntegra da conversa atribuída a Moro e Dallagnol, envolvendo o MBL, ocorrida em 23 de março de 2016:
Moro (22:36:04) - Nao.sei se vcs tem algum contato mas alguns tontos daquele movimento brasil livre foram fazer protesto na frente do condominio.do ministro. Isso nao ajuda evidentemente
Dallagnol (23:28:49) - Se quiser, vou atrás para ver se temos algum contato, mas, não sendo violento ou vandalizar, não acho que seja o caso de nos metermos nisso por um lado ou outro...
Dallagnol (23:49:32) - não, com o MBL não. Eles ficaram meio “bravos” com a gente, porque não quisemos apoiar as manifestações contra o governo no ano passado. eles são declaradamente pró-impeachment.
Moro (23:51:40) - Ok.
GaúchaZH procurou três pessoas ligadas ao MBL no Estado ou que estavam vinculadas ao movimento à época do protesto. Duas preferiram não se manifestar sobre o conteúdo do vazamento e a outra, até as 15h deste domingo, não havia retornado o contato.