Ao comentar a demissão do general Santos Cruz do comando da Secretaria de Governo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a dispensa não ocorreu por pressão da ala ideológica do Palácio do Planalto. Ele minimizou o peso das críticas do escritor Olavo de Carvalho ao militar no desfecho do caso e disse que o militar, caso queira, poderá voltar ao governo em outra função.
Santos Cruz enfrentava resistências do secretário de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, próximo ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente. O subordinado queria maior autonomia na gerência de contratos do órgão e na gestão da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
— (A demissão) foi um momento constrangedor para nós. O governo segue aberto, mas (ele) ainda não demonstrou interesse.
Bolsonaro exaltou o novo ministro, general Eduardo Ramos Baptista Pereira, com quem mantém relação desde 1973, afirmando que ele tem maior facilidade na interlocução com o Congresso, uma das funções desempenhadas pela Secretaria de Governo. Ramos ocupou, por dois anos, o cargo de assessor parlamentar do Exército junto ao parlamento.
Fogo amigo
Santos Cruz foi alvo de embates com os filhos de Bolsonaro desde o início do governo. A situação teria chegado ao limite quando reduziu a influência de Wajgarten na Secom, no último mês. Ele também era alvo frequente de Olavo de Carvalho, guru da família Bolsonaro. Em resposta, criticou o "linguajar chulo" e o "desequilíbrio evidente" do escritor.
Junto a isso, mensagens atribuídas ao ex-ministro com ofensas ao presidente foram divulgadas. O militar negou a autoria das críticas e confidenciou a pessoas próximas que teria tido a hora atingida.
Ao reclamar do que considerou um ataque orquestrado, houve um dos principais momentos de tensão entre Santos Cruz e Bolsonaro, que não gostou quando o então ministro defendeu a regulação das redes sociais em uma entrevista.