A renúncia do deputado estadual e tenente-coronel Luciano Zucco do comando da executiva estadual do PSL, confirmada nesta terça-feira (7), não acalmou o clima na sigla. Questionado sobre os desdobramentos da renúncia, o deputado federal Bibo Nunes (PSL) pretende agora trabalhar para que Zucco e o deputado estadual Vilmar Lourenço (PSL), que saiu em defesa do colega na Assembleia, deixem a legenda.
— Eles não perderiam os mandatos. O PSL não vai reivindicá-los. O partido redigiria uma carta de anuência para que eles deixassem o PSL e ficassem à vontade para se filiar ao PRTB, de quem eles são mais próximos — declarou Bibo.
Na carta de renúncia enviada ao presidente nacional da sigla, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), Zucco citou "o comportamento agressivo" de um correligionário contra colegas, sem citar o nome de Bibo, e disse não ter encontrado "eco junto à Executiva Nacional" em sua defesa. Na opinião de Bibo, Zucco estava usando a estrutura do partido "para se promover", enquanto seria mais próximo do vice-presidente Hamilton Mourão, do PRTB, do que do presidente Jair Bolsonaro, do PSL.
GaúchaZH procurou Zucco, mas ele não retornou as ligações. Em nota distribuída à imprensa, o deputado estadual afirmou que não iria se ater a "detalhes de menor importância que credita à disputa de vaidades". "Apesar dos percalços, continuo firme na disposição em fazer a diferença, a partir de uma atuação legislativa coletiva, de diálogo e de transparência dentro do PSL. Estou, como sempre estive, alinhado com o presidente Bolsonaro e com o vice presidente Mourão", acrescentou.
Bibo articula para que a presidência na executiva estadual fique com o seu colega na Câmara Federal, Nereu Crispim. Embora demonstrem confiança na indicação, os dois não têm a confirmação do presidente Bivar. Em um áudio vazado em meio à troca de farpas no partido, Bibo declara "vou botar o Nereu agora". Crispim, que ingressou na política a convite de Bibo, adianta que aceitará o cargo se for indicado e diz não estar preocupado com o processo que corre contra ele no Tribunal Regional Eleitoral pedindo a impugnação do seu mandato.
— Já protocolei a minha defesa e tenho certeza que ficará esclarecido, ao final desse processo, que ele foi movido por interesses pessoais. Por um suplemente que deseja apenas para ocupar o meu lugar. Fiz a campanha com poucos recursos e com total lisura, sequer tempo de televisão eu tinha — declara Crispim.
O deputado federal também não vê problemas em comandar um partido em meio a um racha com a bancada do PSL na Assembleia, onde atuam Zucco e Lourenço.
— São caneladas do jogo político.
Em meio ao fogo cruzado, o deputado federal Ubiratan Sanderson, também citado por Bibo Nunes no áudio, emitiu nota dizendo que seu pedido de saída da executiva estadual ocorreu no dia 30 de abril. Seria anterior, portanto, à divulgação dos áudios de Bibo. Sanderson elogia ainda a "capacidade de liderança" e "decência" de Zucco. Pessoas próximas a Sanderson afirmam que o deputado, que é ex-policial federal, se mudou com a família para Brasília e deseja ficar longe de polêmicas partidárias no Rio Grande do Sul. Daí sua saída da executiva.
De um assessor dos parlamentares gaúchos do partido, vem um resumo da situação política do partido no Estado:
— O PSL é um trem do Bolsonaro em que quem subiu, entrou. Agora é que eles estão se conhecendo e nem sempre se gostando.
*Colaborou Leonardo Vieceli