Sem acordo, líderes da Câmara decidiram nesta terça-feira (14) não votar nesta semana medidas provisórias do governo Jair Bolsonaro que correm o risco de perder validade em breve.
Partidos como PP e PRB decidiram deixar apenas para semana que vem a votação de textos como a medida provisória da reestruturação ministerial — que vence no dia 3 de junho — e MP que permite que estrangeiros controlem empresas aéreas no Brasil — com vencimento no próximo dia 22. Para não caducar, os textos precisam ser aprovados até as respectivas datas pelos plenários da Câmara e do Senado.
A MP da reforma administrativa deve ser a mais polêmica, com mudanças como a devolução do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Economia e a criação de dois ministérios. Caso ela perca validade, a estrutura do governo voltará a ser a da gestão Michel Temer, com 29 ministérios na Esplanada. Hoje, são 22.
Clima belicoso entre Centrão e governo
A decisão dos líderes dos partidos foi tomada após tensa reunião na Câmara. Deputados que participaram do encontro disseram que o clima entre líderes do chamado centrão e do governo estava belicoso, com diversos ataques.
Na saída da reunião, o líder do PRB, Jhonatan de Jesus (RR), criticou o governo.
— O governo coloca toda a culpa nos partidos do centro. Eles não dizem que têm voto? Vamos deixar eles colocarem os votos no plenário então — afirmou.
Com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em viagem aos Estados Unidos, já era esperado que os trabalhos andassem lentamente nesta semana.
No entanto, o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), dizia estar articulando com líderes as votações. O problema é que, se ao seu lado ele possui partidos como Novo, Cidadania, PSC, PV e Avante — que somam 35 parlamentares — o centrão é composto por ao menos 200 deputados.
O bloco aproveitou para infligir mais uma derrota ao governo Bolsonaro. Além de não votar as medidas provisórias, conseguiu aprovar por 307 votos a 82 a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar esclarecimentos no plenário da Casa nesta quarta-feira (15).