Diante do novo capítulo da crise que envolve o ministro do Turismo, o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), reconhece que a indicação de operações bancárias suspeitas de Marcelo Álvaro Antônio é desgastante para Jair Bolsonaro, mas afirma que o presidente é "leal aos seus" e "mata no peito" mais esse problema.
O jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta sexta-feira (17) que relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta operações atípicas em contas bancárias do ministro. De acordo com o órgão, vinculado atualmente ao Ministério da Justiça, o alvo das investigações sobre candidaturas laranjas do PSL movimentou R$ 1,96 milhão de fevereiro de 2018 a janeiro de 2019.
A divulgação dos dados do relatório acontece na mesma semana em que Bolsonaro já vinha tendo de lidar com o primeiro grande protesto contra seu governo, por causa dos cortes na Educação, e com a revelação de novas suspeitas contra seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
O novo episódio envolvendo Marcelo Álvaro Antônio soma-se também ao clima de descontentamento que o presidente vive na relação com o Congresso. O Legislativo ameaça deixar caducar uma série de MPs (medidas provisórias), inclusive a que garante a atual estrutura do governo.
— Na minha visão, sim, é desgastante. Mas ele (Bolsonaro) é muito leal aos seus e, portanto, segura a bucha e mata no peito. Ele se desgasta, mas não abandona soldado ferido para trás — disse Olímpio sobre o caso.
O líder do PSL no Senado reforçou também a régua que o presidente havia estabelecido para cortar ministros envolvidos em casos de corrupção.
— Álvaro ainda tem a confiança do presidente. Bolsonaro só vai tirá-lo se, no final das investigações, houver culpa formada. O próprio ministro, através da nota de sua assessoria, declarou que abre mão do seu sigilo e que tem lastro legal para suas movimentações . Está fácil comprovar. Portanto, segundo a regra colocada pelo presidente, ele continua ministro e com a confiança — afirmou o senador.
A Folha de S.Paulo teve acesso ao documento do Coaf que relata "operação suspeita" e afirma ter havido depósitos e saques em dinheiro vivo que apresentaram "atipicidade em relação à atividade econômica do cliente ou incompatibilidade com a sua capacidade econômica-financeira", além de movimentação de recursos "incompatível com o patrimônio, a atividade econômica, ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente".
Em fevereiro, em relação ao escândalo dos laranjas, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou foro especial para o ministro do Turismo e decidiu que a competência de investigação do caso é da primeira instância, por serem fatos que ocorreram durante a campanha, inexistindo vínculo com o mandato de deputado federal na Câmara.
O caso das laranjas foi revelado em fevereiro. Dias depois, o Ministério Público e a Polícia Federal abriram investigação, ainda em andamento. Bolsonaro tem dito que aguarda a conclusão das investigações sobre o ministro do Turismo para decidir o que fará nesse caso.
Em nota, Marcelo Álvaro Antônio afirmou que coloca à disposição das autoridades seus sigilos bancário e fiscal e que todas as suas movimentações têm lastro legal e foram declaradas.