Escolas da rede pública e universidades do Rio Grande do Sul aderiram parcialmente à paralisação nacional contra os cortes na educação, marcada para esta quarta-feira (15) em todo o Brasil. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professores e alunos estão mobilizados e aulas foram suspensas em parte das unidades. A Reitoria da instituição não tem um balanço oficial de adesão.
No fim da manhã, houve confronto entre estudantes e a tropa de choque da Brigada Militar nas proximidades da Faculdade de Educação, no campus central da UFRGS. Bombas de efeito moral foram lançadas para conter os manifestantes. Não há informações sobre feridos.
Mobilização de estudantes e professores também ocorre na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com panfletagem e debates sobre o contingenciamento de recursos. Pelo interior do Estado, há paralisação de atividades e protestos nas universidades federais de Pelotas (UFPel), do Rio Grande (Furg), de Santa Maria (UFSM) e em institutos federais.
Em Porto Alegre, a reportagem visitou cinco escolas públicas esta manhã e não havia aula em duas delas. No Colégio Estadual Rubem Berta, na Avenida Saturnino de Brito, Carine Oliveira, 26 anos, foi pega de surpresa quando chegou para deixar o filho, no começo da manhã.
— O meu filho não veio a aula ontem e eu não sabia que hoje iriam parar — afirmou a mãe.
Os educadores da escola irão realizar uma assembleia durante o dia para deliberar pela continuidade da greve.
Outra instituição fechada é a Escola Estadual de Ensino Médio Itália, na Avenida Professor Paula Soares, na zona norte de Porto Alegre. Os portões estavam cadeados nesta manhã e nenhum servidor foi encontrado.
Já a Escola Estadual Gomes Carneiro, também na Zona Norte, funcionava normalmente nesta manhã. A direção decidiu não aderir à paralisação. O mesmo ocorria nas escolas municipais de Ensino Fundamental Presidente Vargas e Lauro Rodrigues, que contavam com atividades normais.
A orientação do Cpers/Sindicato, que representa os educadores da rede estadual, é a de paralisar as atividades nas escolas e participar das mobilizações. A Seduc diz que não tem um levantamento de adesão e que vai monitorar as adesões, respeitando as manifestações dos educadores.
Organizados por sindicatos de professores e servidores das universidades, os protestos devem ter a adesão de estudantes e também de trabalhadores da educação ao longo do dia. O principal objetivo da mobilização, segundo os organizadores, é mostrar à população a importância das universidades no ensino, na pesquisa e na prestação de serviços à sociedade após o bloqueio de verbas confirmado pelo Ministério da Educação. Educadores também se manifestam em contrariedade à reforma da Previdência apresentada pelo governo Bolsonaro.
Atos à tarde em Porto Alegre
Uma marcha deve reunir educadores e estudantes nesta tarde em Porto Alegre. A concentração está marcada para as 13h, em frente ao Instituto de Educação, na Avenida Osvaldo Aranha. Depois de um abraço simbólico à instituição, os manifestantes devem seguir em caminhada, passando pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), pelo campus de Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela sede do INSS, no centro da Capital. De lá, a previsão é de seguirem para a Esquina Democrática, onde está prevista união de diversos grupos para protesto a partir das 18h.
Sul do Estado
A paralisação nacional modificou os serviços no sul do Estado. Em Rio Grande, segundo a Secretaria Municipal de Educação, 46 escolas pararam totalmente atividades, 22 parcialmente e oito seguem com as atividades normais. Na Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e no Instituto Federal do Rio Grande, a greve geral foi decidida em assembleia. O movimento é de mobilização de alunos, professores e servidores. Ainda não se tem números completos das escolas estaduais de Rio Grande.
Em Pelotas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Instituto Federal Sul Riograndense também não têm aulas. A definição ocorreu em assembleia no início da semana. Ainda não se tem números completos das escolas estaduais e municipais de Pelotas.
Santa Maria
Na UFSM, alunos e professores bloqueiam todos os acesso ao campus de Santa Maria desde as 7h. Segundo o Diretório Central dos Estudantes, cerca de 200 pessoas participam das manifestações.
Serra
Em Caxias do Sul, estudantes de escolas públicas se reuniram pela manhã na Praça Dante Alighieri para protestar. Segundo a presidente da União dos Estudantes Secundaristas, Estela Balardin, além das reivindicações contra o corte de verbas do governo federal, também existem demandas que abrangem o ensino a nível estadual.
— As escolas sofrem muito com o descaso e a falta de verbas. Estamos na metade do ano e ainda tem escola com falta de professores. Também há a questão do parcelamento de salário dos professores e a falta de reajuste — aponta Estela.