Alvo de ataques de alas do governo, o vice-presidente Hamilton Mourão ganhou um afago de Jair Bolsonaro. Ele foi chamado pelo presidente, nesta segunda-feira (6), de "amigo dos momentos difíceis".
— Vice-presidente, general Mourão, amigo dos momentos difíceis. Juntos cumpriremos essa missão — disse o presidente, na saudação inicial da cerimônia de lançamento de selo e medalha em comemoração aos 130 anos do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Mourão tem sido alvo da ala mais ideológica da base de Bolsonaro, que inclui o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). O presidente também vem se aproximando cada vez mais do deputado Marcos Feliciano (PSC-SP), que pediu o impeachment de Mourão dias atrás.
Os críticos do vice consideram que ele tem buscado distanciar sua imagem do presidente, a fim de se viabilizar como sucessor de Bolsonaro ou mesmo alimentar a derrubada do chefe. A modulação do discurso do general, de teor radical quando estava na ativa no Exército, polêmico na campanha e moderado na Vice-Presidência, é resultado de um misto de orientação e instinto.
Auxiliares que trabalharam na eleição, na transição e no governo dizem que Mourão é convicto de suas opiniões, mas, antes disso, sensível para perceber o vento e ágil para se adequar a novos tempos.
Não se trata apenas de opiniões sobre aborto (que seja decisão da mulher) ou Venezuela (contra intervenção militar). Há por trás de seus contrapontos ou divergências em relação ao presidente recados e objetivos políticos: Mourão sempre disse que não queria ser um vice decorativo e passou por um "intensivão" de treinamento de mídia.