O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) disse que foi achacado por congressistas e que fez "tratos" com ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e TCU (Tribunal de Contas da União).
Sem mencionar nomes, ele citou os casos em depoimento nesta sexta (5), ao afirmar que a propina que recebia deixou de ser enviada ao exterior em 2012 para ser distribuída no país. Foi naquele ano que Cabral começou a sofrer uma dura crise política após a divulgação das fotos do episódio conhecido como "farra dos guardanapos", em que confraterniza com empresários e ex-secretários em Paris.
— O dinheiro a partir de 2012 deixa de ir para o exterior e passa a ser usado aqui. Fui achacado por parlamentares federais, tive que fazer tratos com ministros do STJ e TCU —afirmou o emedebista.
O emedebista afirmou também que teve "que atender presidente da República para beneficiar certas pessoas". Ele não especificou a qual presidente se referia.
Ele mencionou no depoimento o ministro Marco Aurélio Belizze, do STJ. Afirmou que atuou para garantir sua nomeação por pressão — "e até ameaça" — do ex-secretário Régis Fichtner, cunhado do magistrado. Esta indicação contrariou a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, que havia indicado seu sócio Rodrigo Cândido de Oliveira.
Fichtner já foi preso duas vezes e responde a duas ações penais sob acusação de receber mesada de R$ 150 mil do esquema de Cabral. O ex-governador, em seus depoimentos, tem afirmado que o ex-secretário tinha participação central no esquema.
Cabral disse ainda que ajudou Aécio Neves (PSDB-MG) em sua campanha presidencial em 2014 com R$ 3 milhões via caixa 2. O dinheiro foi repassado pelo empresário José Carlos Lavouras e a OAS.
Preso desde 2016, o ex-governador também traçou um histórico da famosa "caixinha" paga por empresas de ônibus do Rio a políticos, que diz ter ocorrido em todos os governos estaduais desde Moreira Franco (1987-1991).
Aécio e outros políticos citados pelo ex-governador, como Moreira Franco, divulgaram nota negando as acusações.